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segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Chefe do sindicato dos jornalistas de Hong Kong é acusado de obstruir trabalho policial

O chefe do sindicato de jornalistas de Hong Kong, Ronson Chan, foi formalmente acusado nesta segunda-feira (19) de obstruir o trabalho policial durante uma reportagem no começo deste mês. Ele preside a Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA) e foi preso no dia 7 de setembro enquanto cobria uma reunião de moradores em um conjunto habitacional público, tendo se recusado a apresentar a identificação aos policiais. As informações são do site independente Hong Kong Free Press.

De acordo com a polícia, Chan, que é subeditor do portal de notícias online Channel C, juntamente do seu fotógrafo, foram identificados como “suspeitos” por agentes. Ele teria ignorado diversos pedidos para que fornecesse sua carteira de identidade, tendo se comportado de maneira “não cooperativa”.

Diante da recusa, ele foi levado sob custódia à delegacia por conduta desordeira e obstrução, sendo libertado menos de uma hora depois após pagamento de fiança. Obstruir um policial é um crime que pode gerar até dois anos de prisão. O acusado deverá comparecer ao tribunal na quinta-feira (22).

Ronson Chan em frente à Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA) (Foto: Twitter/Reprodução)

“Disse a eles que não entendia a acusação. Não obstruí nenhum policial”, alegou Chan já do lado de fora da delegacia.

O jornalista, que estava prestes a deixar a cidade e iniciar uma bolsa no exterior, declarou que a acusação irá causar “distúrbios e dificuldades”. Ele estava de malas prontas para o Reino Unido, onde participaria de programa de bolsas de seis meses no Instituto Reuters, da Universidade de Oxford.

Momentaneamente impossibilitado de viajar, Chan aproveitou o incidente para fazer uma análise sobre a questão da liberdade de imprensa em Hong Kong ao traçar uma analogia do trabalho policial com a sua atividade profissional.

“Mesmo nas ruas de Beijing, você nunca sofrerá nenhuma acusação por perguntar a um policial de qual unidade ele vem ou pedir a ele para mostrar seu cartão de mandado. Você pode imaginar como é o ambiente que os repórteres e jornalistas de Hong Kong enfrentam. Não é um ambiente muito fácil”, lamentou ele.

Segundo o site South China Morning Post, preocupado com sua prestigiada bolsa de estudos, Chan pedirá fiança em uma audiência no tribunal na quinta. “Eu me sentiria ridículo se não pudesse ir ao Reino Unido devido a essa acusação”, disse Chan na segunda-feira ao entrar na delegacia de Mong Kok para ser acusado do crime.

Não é a primeira vez que Chan enfrenta problemas com as autoridades no silenciamento à imprensa. Em dezembro de 2021, a repressão estatal em Hong Kong levou ao encerramento das atividades do site jornalístico Stand News, um veículo de mídia pró-democracia onde o jornalista atuava. O local foi invadido por centenas de agentes da polícia. Sete pessoas ligadas ao veículo foram presas. 

Por que isso importa?

Após a transferência de Hong Kong do domínio britânico para o chinês, em 1997, o território passou a operar sob um sistema mais autônomo e diferente do restante da China. Apesar da promessa inicial de que as liberdades individuais seriam respeitadas, a submissão a Beijing sempre foi muito forte, o que levou a protestos em massa por independência e democracia em 2019.

A resposta de Beijing aos protestos veio com autoritarismo, representado pela lei de segurança nacional, que deu ao governo de Hong Kong poder de silenciar a oposição e encarcerar os críticos. A normativa legal classifica e criminaliza qualquer tentativa de “intervir” nos assuntos locais como “subversão, secessão, terrorismo e conluio”. Infrações graves podem levar à prisão perpétua.

No final de julho de 2021, um ano após a implementação da lei, foi anunciado o primeiro veredito de uma ação judicial baseada na nova normativa. Tong Ying-kit, um garçom de 24 anos, foi condenado a nove anos de prisão sob as acusações de praticar terrorismo e incitar a secessão.

O incidente que levou à condenação ocorreu em 1º de julho de 2020, o primeiro dia em que a lei vigorou. Tong dirigia uma motocicleta com uma bandeira preta na qual se lia “Liberte Hong Kong. Revolução dos Nossos Tempos”, slogan usado pelos ativistas antigoverno nas manifestações de 2019.

Os críticos ao governo local alegam que os direitos de expressão e de associação têm diminuído cada vez mais, com o aumento da repressão aos dissidentes graças à lei. Já as autoridades de Hong Kong reforçam a ideia de que a normativa legal é necessária para preservar a estabilidade do território

O Reino Unido, por sua vez, diz que ela viola o acordo estabelecido quando da entrega do território à China. Isso porque havia uma promessa de que as liberdade individuais, entre elas eleições democráticas, seriam preservadas por ao menos 50 anos. Metade do tempo se passou, e Beijing não cumpriu sua parte no acordo. Muito pelo contrário.

Nos últimos anos, os pedidos por democracia foram silenciados, a liberdade de expressão acabou e a perspectiva é de que isso se mantenha por um “longo prazo”. Nas palavras do presidente Xi Jinping, “qualquer interferência deve ser eliminada”.

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