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terça-feira, 20 de setembro de 2022

Criminosos russos estariam recusando oferta de perdão a seus crimes para ir à guerra

O Wagner Group, organização paramilitar russa envolvida ativamente na guerra em curso na Ucrânia, planeja recrutar 1,5 mil criminosos condenados na Rússia para reforçar suas fileiras em apoio às tropas de Moscou, que estão com o contingente reduzido. A afirmação foi feita por uma autoridade do governo norte-americano que falou sob condição de anonimato, segundo a agência Reuters.

Embora o recrutamento entre a população carcerária russa não seja novidade, a fonte precisou quantos novos mercenários seriam recrutados. Mais que isso, afirmou que o Wagner enfrenta dificuldades para encontrar presos interessados em arriscar a vida em troca do perdão a seus crimes.

“Nossas informações indicam que o Wagner vem sofrendo grandes perdas na Ucrânia, especialmente e sem surpresa entre combatentes jovens e inexperientes”, disse a autoridade dos EUA.

A informação surge menos de uma semana após um vídeo ter sido publicado pelo opositor russo Alexei Navalny. Nele, um homem que se parece fisicamente com Evgeny Prigozhin, aliado do presidente russo Vladimir Putin e tido como principal financiador do Wagner Group, recruta presos em uma colônia penal. Em troca, promete a eles liberdade, com os crimes perdoados pelo governo. 

Combatentes do Wagner Group, organização paramilitar russa (Foto: reprodução/VK)
Denúncia antiga

Foi o jornal Fontanka quem primeiro revelou os esforços do Wagner Group para recrutar novos membros em presídios russos. A reportagem citava o caso de uma mãe que tentava encontrar o filho, que cumpria pena de dois anos por roubo de carro quando desapareceu da prisão. Mais tarde, ele foi localizado em Luhansk, uma cidade no leste da Ucrânia então sob o controle da Rússia.

A ONG de direitos humanos Gulagu.net, que monitora o sistema carcerário do país, reforçou a denúncia. Vladimir Osechkin, chefe da entidade, citou justamente a presença de Prigozhin nas colônias penais, sendo os principais locais de recrutamento as regiões de São Petesburgo, Tver, Ryazan, Smolensk, Rostov, Voronezh e Lipetsk.

Prigozhin classificou tais alegações como “falsas” e afirmou que elas visam a “criar uma imagem negativa” da Rússia e seus governantes. Ele chegou a pedir a abertura de uma investigação contra o Fontanka, a autora da reportagem, Ksenia Klochkova, e o editor-chefe Aleksandr Gorshkov.

Ameaça de morte

Denúncias envolvendo o sistema carcerário russo chegaram a colocar em risco a vida de Osechkin. Ele, inclusive, teve que se mudar com a família para a França, onde disse na segunda-feira (19) que sofreu uma tentativa de assassinato, segundo o jornal independente The Moscow Times.

Em entrevista à jornalista independente russa Yulia Latynina, Osechkin alegou ter sido atacado na cidade de Biarritz, sudoeste da França. “Lembro-me de trazer pratos para as crianças e ver na minha visão periférica um ponto vermelho se movendo em minha direção sobre a grade do terraço”, disse ele, que na sequência teria ouvido tiros.

Segundo o ativista, ele e os familiares sobreviveram sem ferimentos porque foram treinados para reagir a situações do gênero. “Nossas luzes se apagaram imediatamente, e as crianças caíram no chão. Abaixamos as persianas, os serviços adequados chegaram e uma investigação começou”, afirmou, sem revelar a identidade do agressor ou mesmo se ele foi detido.

Por que isso importa?

O nome do Wagner Group remete ao pseudônimo de seu fundador, Dmitriy ‘Wagner’ Valeryevich Utkin, que por sua vez tomou como referência o compositor alemão favorito de Hitler e um dos símbolos da Alemanha nazista. O financiamento, privado, é uma incumbência de Evgeny Prigozhin.

A atuação da organização sempre foi envolta em mistério, inclusive com alegações de que sequer existia. Porém, as inesperadas dificuldades enfrentadas por Moscou na guerra na Ucrânia levaram o Kremlin a buscar reforços, e os mercenários surgiram como alternativa. A ponto de o grupo ter o nome citado na TV estatal e de ter criado uma campanha para recrutar novos membros na Rússia.

Há indícios de que ao menos dez mil pessoas já serviram ao Wagner Group desde que ele deu as caras pela primeira vez. Foi em 2014, quando os mercenários foram destacados para dar suporte às forças separatistas pró-Rússia da região de Donbass e na Crimeia, na Ucrânia.

De lá para cá, há sinais de presença do grupo em conflitos em diversos países. Os mercenários são acusados de inúmeros crimes de guerra, e agora acredita-se que por volta de mil deles estejam em ação na guerra iniciada no dia 24 de fevereiro de 2022.

Embora o grupo alegue não ter nenhuma relação formal com o Kremlin, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro dos EUA já designou o Wagner Group como uma “força de procuração do Ministério da Defesa da Rússia”, segundo artigo assinado por James Petrila e Phil Wasielewski e publicado no blog Lawfare.

Em agosto de 2021, um mercenário ouvido pela BBC afirmou que a organização “é uma estrutura que visa promover os interesses do Estado para além das fronteiras do nosso país (a Rússia)”. E classificou os combatentes como “profissionais da guerra”, pessoas em busca de emprego ou apenas “românticos que querem servir a seu país”.

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