O oposicionista russo Alexei Navalny afirmou nesta segunda-feira (11) que foi classificado como “extremista e terrorista” por uma comissão formada na prisão em que está detido desde fevereiro. A declaração foi feita na conta dele no Instagram, cujas atualizações estão a cargo de uma equipe de apoiadores e advogados.
Segundo Navalny, devido à designação, ele passará a usar um uniforme prisional com uma faixa verde, destinado a detentos classificados como terroristas. A designação também ficará em destaque na cela dele. Por outro lado, traz um benefício, que é a redução no número de checagens noturnas. Anteriormente, ele classificou tal procedimento como “tortura” por privação de sono.
O oposicionista abordou com ironia a decisão, que foi tomada por unanimidade. “Eu temia que eles exigissem que eu beijasse os retratos de Putin e memorizasse as citações de Medvedev, mas isso também não foi necessário”, disse Navalny, citando o atual e o ex-presidentes da Rússia. “Há apenas uma placa sobre meus beliches dizendo que sou um terrorista”.
Por que isso importa?
Navalny ganhou destaque internacional ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A principal plataforma do oposicionista é o combate à corrupção no governo de Vladimir Putin, em virtude da qual ele uma cobra profunda reforma na estrutura política do país.
Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Voltou a Moscou em janeiro de 2021 e foi detido ainda no aeroporto. Em fevereiro, foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, quando foi acusado de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.
Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril, para protestar contra a falta de atendimento médico. Em junho de 2021, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e sua Fundação Anticorrupção de funcionarem, classificando-as como “extremistas”.
Em agosto, a Justiça russa abriu uma nova acusação criminal contra o oposicionista, o que poderia ampliar a sentença de prisão dele em três anos. Ele foi acusado de “incentivar cidadãos a cometerem atos ilegais”, por meio da Fundação Anticorrupção (FBK) que ele criou. Mais recentemente, em setembro, uma terceira acusação contra, por “extremismo”, ameaça estender o encarceramento por até uma década.
Caso seja condenado em alguma das novas acusações, Navalny será mantido sob custódia no mínimo até o fim da próxima eleição presidencial, em 2024, quando chega ao fim o atual mandato de seis anos de Vladimir Putin no Kremlin.
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