O governo do Iraque, através de sua agência de inteligência, anunciou na segunda-feira (11) a prisão do terrorista Sami Jasim, figura proeminente do Estado Islâmico (EI). No passado, Jasim foi braço direito do antigo líder do grupo extremista Abu Bakr al-Baghdadi, morto na Síria em 2019. Desde então, era o principal responsável pelas finanças do grupo, segundo informações da agência Reuters.
Jasim, que é iraquiano de nascimento, é apenas o segundo líder do EI capturado vivo. A morte dele chegou a ser anunciada pelas forças de segurança do Curdistão em 2016, mas a informação foi posteriormente desmentida, segundo a rede norte-americana CNN. Então, os EUA anunciaram uma recompensa de US$ 5 milhões pela captura do terrorista, sob a justificativa de que ele era peça central na estruturação financeira dos jihadistas.
“O criminoso é um dos mais procurados internacionalmente e está próximo da comissão delegada para administrar a organização e próximo do atual líder da organização, o criminoso Abdullah Kardash”, disse a Agência Iraquiana de Notícias. “Sami ocupou posições de liderança nos setores de segurança e finanças dentro da organização terrorista, incluindo o cargo de vice-líder em relação a Abu Bakr al-Baghdadi”.
O primeiro ministro do Iraque, Mustafa Al-Kadhimi, usou sua conta no Twitter para exaltar a prisão. “Enquanto nossos heróis da ISF (Forças de Segurança do Iraque, da sigla em inglês) se concentravam em garantir as eleições, seus colegas do INIS (Serviço Nacional de Inteligência do Iraque, da sigla em inglês) conduziam uma operação externa complexa para capturar Sami Jasim, que estava encarregado das finanças do EI e já foi o vice de Abu Bakr Al-Baghdadi. Vida longa ao Iraque e aos nossos bravos heróis”.
While our ISF heroes focused on securing the elections, their INIS colleagues were conducting a complex external operation to capture Sami Jasim, who was in charge of Daesh finance, and a deputy of Abu Bakr Al-Baghdadi.
— Mustafa Al-Kadhimi مصطفى الكاظمي (@MAKadhimi) October 11, 2021
Long live Iraq, and our brave heroes.
Por que isso importa?
Nos últimos anos, o EI se enfraqueceu financeira e militarmente. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pelos extremistas no país.
De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, Iraque e Síria. O documento sugere, ainda, que o grupo teve considerável perda financeira recentemente, devido a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte de seus líderes.
Paralelamente à derrocada do EI, a pandemia de Covid-19 reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Entretanto, grupos jihadistas têm se fortalecido em zonas de conflito, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.
Esse cenário permitiu ao EI, particularmente, ganhar uma sobrevida, fazendo uso sobretudo do poder da internet. À medida em que as restrições relacionadas à pandemia diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no grupo fora das zonas de conflito. São ações empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.
Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais, como o Boko Haram, da Nigéria. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar a retomada de força da organização.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.
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