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sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Horas após Nobel da Paz para jornalista, Rússia lista novos ‘agentes estrangeiros’

Mesmo com uma premiação internacional chamando a atenção do mundo para a falta de liberdade de imprensa na Rússia, a repressão do Kremlin segue a todo vapor. O alvo mais recente é o veículo investigativo Bellingcat, além de nove jornalistas ligados a outros meios de comunicação, que foram rotulados nesta sexta-feira (8) como “agentes estrangeiros”. As informações são do jornal independente The Moscow Times.

O termo “agente estrangeiro” carrega conotações negativas da era soviética e carimba o que seriam organizações envolvidas em atividades políticas financiadas pelo exterior.

A atualização da lista de perseguidos saiu horas depois do anúncio do prêmio Nobel da Paz dado a Dmitry Muratov, editor do do jornal independente Novaya Gazeta. O jornalista foi premiado por “defender a liberdade de expressão na Rússia sob condições cada vez mais desafiadoras”. A jornalista filipina Maria Ressa, do site Rappler, também ganhou o Nobel da Paz com Muratov.

Dmitry Muratov foi laureado pelos seus esforços em prol da liberdade de expressão (Foto: Olaf Kosinsky/Wikimedia Commons)

Entre os jornalistas listados pelo Ministério da Justiça russo está o correspondente russo da BBC Andrei Zakharov, que no extinto site Proekt, (“Projeto”, em tradução literal) participou de uma série de reportagens sobre erros ou ações questionáveis do presidente Vladimir Putin e de alguns de seus aliados. Incluindo temas espinhosos, como uma história sobre a suposta ex-amante do líder russo e a filha nascida de uma relação extraconjugal.

“Eu esperava essa decisão da mesma forma que todos os jornalistas independentes deveriam esperar”, disse Sotnikov. “Não sei exatamente o motivo pelo qual fui incluído, já que o Ministério da Justiça não informa por que estamos incluídos nas listas. Presumo que as consequências desta decisão não serão muito agradáveis, ​​com todos os relatórios extras e o risco de um processo criminal”, declarou o jornalista.

Já o Bellingcat foi um dos vários novos veículos a publicar exposições embaraçosas para o governo russo. Entre elas, uma investigação sobre o incidente com Alexei Navalny, ativista anticorrupção considerado o maior crítico de Putin e vítima de uma tentativa de assassinato por envenenamento. O veículo também abordou o mesmo crime contra o agente duplo Sergei Skripal e de sua filha, Yulia, em maio de 2018, em Salisbury, na Inglaterra.

Nobel da Paz

Dmitry Muratov, 59 anos, é o responsável pelas reportagens do Novaya Gazeta sobre direitos humanos, liberdade de expressão e outros tópicos politicamente sensíveis na Rússia, relembrou o The Moscow Times.

“Muratov defendeu por décadas a liberdade de expressão na Rússia, sob condições cada vez mais desafiadoras”, disse Berit Reiss-Andersen, presidente do Comitê Norueguês do Nobel, antes de entregar o prêmio ao jornalista russo.

À frente do jornal, tido como o principal veículo investigativo da Rússia há décadas,

Muratov trouxe reportagens sobre a queda do vôo MH17 e abusos dos direitos humanos na república da Chechênia, incluindo expurgos gays.

“O jornalismo russo está sendo suprimido. Tentaremos ajudar as pessoas que agora são reconhecidas como ‘agentes estrangeiros’ e que estão sendo atacadas e expulsas do país”, disse ele ao site de notícias Podyom.

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