O Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), que é a facção afegã do grupo extremista baseado na Síria e no Iraque, assumiu a autoria do atentado que terminou com a morte de ‘Hakeem’ Sardar Satnam Sing, na cidade de Peshawar, no noroeste do Paquistão. A vítima era uma famoso médico sikh, segundo informações do jornal indiano The Tribune.
Singh estava em sua clínica, na última quinta-feira (30), quando homens armados não identificados abriram fogo contra ele, segundo a polícia local. Os assassinos conseguiram escapar, e somente agora o EI-K assumiu a autoria do crime.
O Paquistão é um país de maioria muçulmana, sendo os hindus a maior minoria religiosa do país, de acordo com o senso de 2017. Os cristãos constituem a segunda maior minoria religiosa, seguido por ahmadis, sikhs e parsis.
Cerca de 15 mil sikhs vivem em Peshawar, onde têm sido registrados seguidos ataques contra eles. Em 2018, Charanjit Singh, um membro importante da comunidade sikh, foi morto por homens desconhecidos na cidade. Outra vítima foi Ravinder Singh, um famoso âncora televisivo morto em 2020.
Por que isso importa?
O EI-K tende a ser o principal opositor doméstico do Taleban no Afeganistão, e a proximidade geográfica permite ao grupo empreender ataques também no vizinho Paquistão. O grupo trata os talibãs como apóstatas, sob a acusação de que abandonaram a jihad por uma negociação diplomática. Isso tornaria válido o assassinato de combatentes do Taleban, conforme a interpretação das leis islâmicas.
Militarmente, porém, a vantagem no Afeganistão é do Taleban, que fortaleceu seu arsenal durante e após a retirada de tropas estrangeiras do país e tende a agregar novos recrutas agora que governa o país. São cidadãos afegãos e mesmo estrangeiros que buscam proteção e meios para sobreviver.
O que distancia os dois grupos é a base ideológica. O Taleban é adepto de uma interpretação do Islã que defende a subserviência da mulher, proíbe muitas tecnologias e o entretenimento, aceitando apenas o conhecimento inspirado por Deus. Já o EI-K prega ideologia ultraconservadora do islamismo Sunita, apoiando a Sharia (lei islâmica) e castigos corporais. Acredita que o mundo deveria seguir os preceitos históricos do Islamismo.
No Brasil
Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.
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