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quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Cidadão britânico é suspeito de financiar terrorismo em esquema de fraude fiscal

Um cidadão britânico de origem paquistanesa é suspeito de encabeçar um esquema bilionário de fraude fiscal que acabou por financiar os grupos terroristas Al-Qaeda e Taleban. O nome de Imran Yakub Ahmed é um dos muitos citados nos documentos confidenciais vazados nos Pandora Papers, a maior colaboração jornalística da história, conduzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês).

A investigação das atividades ilegais de Ahmed teve início ainda no final dos anos 1990, de acordo com o site Middle East Monitor (Memo). À época, uma denúncia levou as autoridades a uma quadrilha que burlava o fisco europeu, usando empresas offshore para receber de grandes bancos a restituição de impostos que não haviam sido recolhidos previamente. Desde então, as autoridades tentam rastrear as ações da quadrilha, que pode ter causado um rombo fiscal de mais de 50 bilhões de euros em diversos países.

Ahmed chegou a ser interrogado pela polícia britânica em 1998, mas foi liberado. Agora, o nome dele apareceu junto com muitos outros no vazamento dos Pandora Papers. Ele é acionista de quatro empresas offshore suspeitas de serem usadas no esquema e atualmente mora em um bairro de altíssimo padrão em Dubai.

Esquema de fraude fiscal terminava com a conversão de euros em dólares destinados a grupos terroristas (Foto: Ibrahim Boran/Unsplash)

A relação entre as fraudes e o terrorismo surgiram quando um grupo de parentes de soldados norte-americanos feridos em combate ingressou com uma ação judicial indenizatória contra o Deutsche Bank. Os autores do processo acusam a instituição financeira alemã de ter sido conivente com transações financeiras que ajudaram a financiar a Al-Qaeda e o Taleban, tidos como responsáveis pelos ferimentos dos militares.

Era através do Deutsche Bank que os euros obtidos no esquema fraudulento de Ahmed eram convertidos em dólares e, posteriormente, enviados a países como Afeganistão, Paquistão e Emirados Árabes Unidos. Nessas nações, o destino final dos dólares eram os grupos extremistas.

De acordo com a organização jornalística TBIJ (Agência de Jornalismo Investigativo, da sigla em inglês), um segundo cidadão britânico, Mohsin Salya, fazia parte do esquema. Mas não é possível afirmar que ele ou Ahmed tivessem consciência da destino final de parte do dinheiro obtido na fraude fiscal.

“As preocupações aumentavam à medida que a inteligência secreta do MI5 (a inteligência doméstica britânica) era levada a suspeitar que parte do dinheiro ganho com as fraudes poderia ter acabado nas mãos de terroristas. Não é sugerido que Ahmed ou Salya tivessem algum conhecimento disso”, diz o TBIJ.

Durante as investigações, Ahmed chegou a ser detido na Inglaterra, tendo celulares e cartões de memória confiscados. Depois de depor, porém, foi liberado sem sofrer acusações. Na Itália, ao contrário, ele foi julgado e condenado pela fraude fiscal, mas teve a pena suspensa. Agora, enfrenta acusações semelhantes na Alemanha. No total, ele movimentou cerca de 1,15 bilhão de euros com o esquema.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no país: Al-Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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