Valentina Chupik, uma advogada uzbeque que defende os direitos de migrantes e refugiados na Rússia, revelou nesta terça-feira (5) que fugiu para a Armênia, após perder o status de refugiada e ser proibida de pisar em solo russo pelos próximos 30 anos. As informações são do The Moscow Times.
A ativista, que vivia na condição de refugiada desde 2009 na Rússia, foi presa em 25 de setembro no aeroporto de Moscou. Oficiais da FSB (Agência de Segurança Nacional, da sigla em inglês) argumentaram que sua situação de asilo político havia sido revogada pelo Kremlin devido à “falsificação de documento”.
Chupik temia ser deportada para o Uzbequistão, alegando que poderia ser morta se retornasse a seu país natal. Na semana passada, a ECHR (Corte Europeia de Direitos Humanos, da sigla em inglês) determinou que a deportação da ativista para seu país natal fosse suspensa por 15 dias.
“No momento, estou na Armênia, em um belo local nos arredores de Yerevan”, disse Chupik via WhatsApp.
A ativista e sua mãe – que teve a residência revistada pela polícia dois dias após a detenção da filha – já solicitaram asilo na Ucrânia e atualmente aguardam uma resposta das autoridades locais, informaram seus assessores.
Chupik deixou o Uzbequistão em 2006, quando o grupo de direitos humanos que ela gerenciava no país passou a ser perseguido pelas autoridades. Primeiro, ela foi pressionada a repassar ao governo metade da verba que recebia de organizações estrangeiras, o que recusou. Então, a pressão foi aumentando.
Na Rússia, Chupik coordenava o Tong Jahoni (“Bom Dia Mundo”, em tradução livre), um centro de apoio a migrantes e refugiados em casos de exploração trabalhista, deportação e detenção.
“Movimento arbitrário”
A ONG Human Rights Watch (HRW) teve acesso aos autos da detenção de Chupik e cita uma incoerência. Embora as autoridades citem a revogação do status de refugiada, os documentos de viagem russos dela foram renovados por cinco anos no último mês de julho.
“O momento e a maneira repentina da revogação do status de refugiada de Chupik, combinados com a tentativa de bani-la por 30 anos, indicam fortemente que a decisão não foi baseada em um processo administrativo de rotina, mas sim em um movimento arbitrário e punitivo que as autoridades tomaram em retaliação contra seu trabalho em prol dos migrantes”, diz a ONG.
Ainda de acordo com a HRW, “os advogados entraram com um pedido de ‘medidas provisórias’ junto ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH), buscando a intervenção da corte junto ao governo russo para suspender a deportação de Chupik”.
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