Agentes de segurança ligados ao FSB (Serviço de Inteligência da Rússia) estariam por trás do envenenamento do jornalista e escritor Dmitry Bykov. A conclusão tem base em uma investigação dos sites russos The Insider e Bellingcat.
Assim como Alexei Navalny, Bykov quase morreu ao adoecer repentinamente durante uma turnê de palestras, em abril de 2019. Um dos principais intelectuais russos, o jornalista passou mal no aeroporto de Yekaterinburg.
Registros de voos e dados de chamadas telefônicas apontam que os mesmos agentes responsáveis pelo envenenamento de Navalny podem ter envenenado Bykov com uma dose tóxica de novichok.
O veneno teria sido aplicado nas roupas do escritor enquanto ele estava fora de seu quarto de hotel em Novosibirsk. O mesmo estabelecimento era onde Navalny e seus aliados planejavam se hospedar durante a viagem à Sibéria, em agosto de 2020.
“Sim, eles tentaram me envenenar”, disse Bykov ao diário “The Moscow Times”. Ele disse não ter envolvimento na investigação. Porta-vozes do FSB e Kremlin não responderam aos pedidos de comentário.
Os agentes realizaram o mesmo tipo de operação com o escritor e o político. Oficiais seguiram ambos em viagens pela Rússia por mais de um ano antes da tentativa malsucedida de assassinato. O mesmo teria ocorrido com outro político, Vladimir Kara-Murza, em 2015 e 2017.
Repressão a dissidentes
As investigações vêm à tona em meio ao aumento da repressão do Kremlin contra dissidentes. Nesta quarta (9), o Tribunal de Moscou formalizou a proibição de todas as organizações vinculadas a Navalny. A decisão pavimenta a repressão contra as entidades vinculadas ao político, já classificadas como “extremistas”.
A decisão ocorre meses antes das eleições parlamentares, marcadas para setembro. Aliados a Navalny, a voz mais proeminente contra Vladimir Putin, planejavam usar a Fundação Anticorrupção para alavancar suas candidaturas ao pleito. Com a organização proibida, os poucos dissidentes que permanecem no país não poderão concorrer.
Moscou já proibiu mais de 30 grupos de ativismo civil sob a lei que criminaliza as chamadas “organizações indesejáveis”. O parlamento russo deve votar ainda neste ano outro projeto de lei que aumenta a punição a membros desses grupos. O Kremlin nega que as recentes prisões tenham relação política.
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