O negociador-chefe da Palestina, Saeb Erekat, morreu nesta terça (10), aos 65 anos, em decorrência de complicações da Covid-19.
Defensor do Estado palestino independente, Erekat estava internado em estado grave desde o dia 18 de outubro e já havia feito um transplante de pulmão, informou o norte-americano “The New York Times”.
A morte do principal negociador palestino ocorre em meio a uma série de turbulências entre o território e Israel, dado o crescente reconhecimento dos países árabes ao Estado judeu.
Por 30 anos, Erekat foi o braço direito de grandes líderes palestinos, como Yasser Arafat e Mahmoud Abbas. O diplomata também protagonizou importantes acordos de paz como o de Oslo, na década de 1990.
O primeiro acordo entre israelenses e palestinos determina um autogoverno da Palestina em partes do Ocidente e na Faixa de Gaza. As negociações para um acordo permanente continuaram até 2014.
Em sua última mensagem à ex-ministra das Relações Exteriores de Israel e parceira de negociações, Tzipi Livni, Erekat afirmou que estava longe de encerrar sua trajetória. “Ainda não terminei o que nasci para fazer”, escreveu.
Conflitos iminentes na Palestina
Em nota, a agência estatal Wafas lamentou a perda. “A partida de nosso irmão representa uma grande perda à Palestina, especialmente à luz das circunstâncias difíceis que enfrenta a causa palestina“, diz a nota.
O impasse entre a Palestina e Israel endureceu ainda no início da administração de Donald Trump, que reconheceu Jerusalém como a capital do Estado judeu em 2017. Na sequência, Abbas declarou a “morte” do processo de Oslo.
“Uma solução de dois Estados está se tornando impossível”, advertiu Erekat à época. Desde então – e, principalmente, desde janeiro de 2020, quando Trump apresentou seu “plano de paz” à região – a situação se tornou mais temida pelos palestinos, que recusam-se a aceitar o Estado judeu em sua totalidade.
Além do Egito e Jordânia, países como Emirados Árabes Unidos e Bahrein já reconheceram Israel. Outros se comprometeram a repetir a ação após mediação dos EUA.
“O estabelecimento de um Estado palestino não é uma questão de ‘se’, mas de ‘quando'”, afirmou Erekat, que deixa a esposa e quatro filhos. Com bandeiras hasteadas a meio mastro, Abbas declarou três dias de luto.
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