Centenas de ex-membros das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) marcharam em Bogotá, no domingo (1), registrou a Reuters. Os manifestantes pedem que o governo colombiano cumpra os compromissos assumidos no acordo de paz de 2016.
O entendimento de quatro anos atrás acarretou no desarmamento de 13 mil combatentes e transformou o grupo guerrilheiro em um partido político.
“Depositamos as armas acreditando nas promessas do Estado”, disse o senador da sigla, Carlos Antonio Lozada. “Mas até hoje 236 dos nossos companheiros foram mortos em diferentes partes do país”.
O estopim das manifestações foi o assassinato de 236 ex-membros do grupo, hoje desmobilizado, desde a assinatura do acordo de paz.
Um dos ex-guerrilheiros mortos é Alexander Parra, morto após levar cinco tiros enquanto dormia em sua casa. A sua esposa, a vereadora Luz Marina Giraldo, que lutou ao lado do grupo por duas décadas, conseguiu fugir com os filhos durante o ataque.
“Enfrentamos tantas ameaças que nem sabemos de onde vêm as balas”, disse ela à BBC. No protesto, o grupo reivindica uma reunião com o presidente colombiano, Iván Duque.
Ao mesmo tempo em que se diz comprometido com o acordo de paz assinado após mediação da ONU (Organização das Nações Unidas) em 2016, Duque também culpa dissidentes das FARC por formação criminosa em tráfico de drogas e mineração ilegal.
Segundo ele, os dissidentes são os responsáveis pelas mortes dos ex-companheiros. “Somos visados porque somos líderes natos”, disse a líder do partido em Bogotá, Manuela Marín. “Estamos tentando gerar transformação nas áreas rurais e isso vai ao encontro de interesses políticos e criminosos”.
Para proteger os ex-combatentes, o governo da Colômbia já designou 1,1 mil guarda-costas. Em outubro, a polícia local anunciou outros 600 para a proteção de ex-membros das FARC.
Em mais de 50 anos, os conflitos com as guerrilhas das FARC deixara 260 mil mortos e forçaram o deslocamento de milhões na Colômbia.
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