A recente trégua no conflito entre Armênia e Azerbaijão na região de Nagorno-Karabakh, na segunda (9), coloca a Turquia como a grande influência externa na região do Cáucaso – vista, por Moscou, como seu “quintal geopolítico”.
Ainda que a Rússia tenha orquestrado a mediação e enviado tropas de paz ao conflito, foi seu próprio aliado ,a Armênia, quem teve de ceder para os azeris. O acordo encerra mais de 30 anos de disputa.
“Por trás da mediação bem-sucedida do Kremlin, há uma dura realidade”, disse o diretor do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, Ruslan Pukhov, ao jornal britânico “Financial Times“.
“A influência de Moscou na região transcaucasiana diminuiu drasticamente, enquanto o prestígio da Turquia cresceu de forma incrível”. Agora a Armênia deve retirar as suas tropas e ceder o território de Nagorno-Karabakh ao Azerbaijão até o final de novembro.
A comunidade internacional reconhece a região como azeri, mas várias forças de Yerevan ocupam cidades do território desde o início dos anos 1990 porque a região é etnicamente armênia.
No final de setembro, Baku prometeu recapturar todo o território e já cercava a capital regional, Stepanakert, quando a Armênia recuou.
“É uma decisão muito dolorosa para o nosso povo”, disse o premiê armênio Nikol Pashynian, em meio a protestos. Segundo ele, a situação militar impediu que o país continuasse na disputa.
Frente a frente
Kremlin influencia a região pós-soviética por meio de laços comerciais, assistência financeira e pela ameaça representada por seu robusto exército. Mas a vitória de Baku no confronto mostrou que Moscou não é a única potência capaz de manejar o território.
A inclusão dos turcos na geopolítica do Cáucaso pode ser resposta à entrada da Rússia na guerra da Síria, em 2015, e suas atividades na Líbia. Os locais são tidos por Ancara como sua “zona de influência”.
Amigos e rivais, Rússia e Turquia concordaram em discutir os detalhes do acordo de cessar-fogo – o que inclui a presença de Ancara no processo de manutenção de paz.
Na terça (10), o ministro de Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusogli, afirmou que os dois países estão em “contato constante”. “Nossas reuniões continuam”, afirmou.
“O acordo será monitorado e regulamentado. Apoiamos o nosso irmão Azerbaijão o tempo todo – seja no front ou na mesa de negociação”.
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