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segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Em negociação com governo afegão, Taleban insiste em implementação da Sharia

Na negociação para um acordo entre o governo do Afeganistão e o Taleban, iniciadas no Catar no sábado (12), as lideranças do grupo extremista não mencionaram uma trégua e insistem que os afegãos devem estar sob a sharia, a lei islâmica, informou a BBC.

O início das conversas entre os dois lados do conflito é resultado de um acordo de segurança estabelecido entre os EUA e o Taleban em fevereiro deste ano. O atraso nas negociações ocorre em meio a ataques e acordos mútuos de libertação de prisioneiros do exército afegão e do grupo.

Acordo entre Afeganistão e Taleban ainda não aborda trégua, mas gera otimismo
Direitos das mulheres estão na pauta das negociações intra-afegãs; na foto, mulher prepara comida para filho na província afegã de Farah, em 2012 (Foto: UN Photo/Eric Kanalstein)

Os negociadores reconhecem que as profundas divergências entre os opositores desafiam a continuidade das discussões.

“Os dois lados não precisam concordar 100%, mas esperamos um cessar-fogo e uma paz aceita e apoiada por todos os cidadãos afegãos”, disse o chefe da delegação do Afeganistão, Abdullah Abdullah.

Já o líder talibã, o mulá Baradar Akhund, afirmou que a negociação deve “avançar com paciência”. Akhund enfatizou que quer um “sistema islâmico” no qual todas os grupos vivam em “fraternidade”.

Até o momento, o grupo não apresentou um pacote de medidas específico para a implantação deste sistema. Nos anos 1990, o grupo governou o país com uma interpretação severa da Sharia, lei derivada do Alcorão.

Paz inclusiva

A expectativa é que as negociações apelem para um “processo de paz inclusivo”, afirmou o secretário-chefe da ONU (Organização das Nações Unidas), Antonio Guterres.

Um projeto que leve em conta os direitos das mulheres é uma das principais reivindicações da sociedade civil afegã. Com nenhuma representante feminina e a forte resistência do Taleban, há o receio de que o assunto não seja sequer abordado nas discussões.

“Os próprios afegãos devem determinar o conteúdo e a natureza das negociações. Mulheres, jovens e vítimas de conflitos devem ser representados de forma significativa”, reiterou Guterres.

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