As recentes invasões de grupos terroristas na província de Cabo Delgado, em Moçambique, resultaram no deslocamento de mais de 300 mil cidadãos, afirmou a ONU (Organização das Nações Unidas) na terça (22).
Para não morrer de fome, todos os deslocados dependem de ajuda humanitária, relataram lideranças do Programa Mundial de Alimentos (PMA) no país.
De acordo com a ONU, os conflitos em Cabo Delgado dificultam o acesso de alimentos e meios de subsistência. Com a crise deixada pela pandemia, a situação é ainda mais grave, afirmou a representante do PMA, Antonella D’Aprile. Crianças e mulheres sofrem os maiores impactos.
Mais da metade das crianças com menos de cinco anos possuem desnutrição crônica em Cabo Delgado, que possui a segunda maior taxa da doença de Moçambique. A província também está entre as com maior volume de casos de Covid-19 no país.
Extremistas avançam
O êxodo é resultado da tomada de cidades próximas à fronteira com a Tanzânia. Rica em gás natural, a região é gerenciada por gigantes do setor petroleiro e possui reserva estimada em US$ 60 bilhões. Nas cidades, a meta é recrutar novos membros para o grupo.
Os ataques começaram ainda em 2017, mas se intensificaram neste ano depois que o grupo paramilitar Ahulu Sunnah Wa-Jama jurou fidelidade ao autodenominado EI (Estado Islâmico). No dia 20, os terroristas invadiram ilhas do Oceano Índico e expulsaram moradores locais.
Com o colapso no sistema de saúde, o governo de Moçambique não tem forças para reagir aos ataques. Dezenas de soldados já morreram na disputa com os extremistas e os grupos criminosos tomaram boa parte das armas do Exército.
Agora o PMA pede ajuda para auxiliar os deslocados. As Nações Unidas procuram recolher US$ 4,7 milhões para ajuda humanitária até dezembro. A ideia é atender, além de Cabo Delgado, as províncias de Nampula e Niassa.
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