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segunda-feira, 28 de setembro de 2020

China construiu 380 campos de detenção em Xinjiang desde 2017, diz estudo

O governo da China construiu 380 campos de detenção na província de Xinjiang, no oeste do país, desde 2017. A informação é um estudo australiano divulgado na última quinta (24) pelo jornal “The Guardian”.

Nas imagens de satélite do Aspi (Instituto de Polícia Estratégica da Austrália, em inglês), é possível identificar que outros 14 centros estão em construção. Os dados são públicos e estão disponíveis no “Xinjiang Data Project”.

A investigação aponta que o primeiro campo foi construído em 1949. As instalações são esparsas até o ano de 2013, quando há uma explosão de centros de “reeducação” na província.

O maior número está na região da capital, Urumqi. Ali, cinco novos centros foram construídos por ano desde 2017.

China construiu 380 campos de detenção em Xinjiang desde 2017, diz estudo
Vista aérea de Urumqi, capital da província chinesa de Xinjiang, em julho de 2017 (Foto: WikiCommons/Anagoria)

Na cidade de Turpan, o surgimento dos campos se acentuou a partir de 2019. Há 40 novos centros ou em construção ou prontos na região, a cerca de 200 quilômetros da capital.

A pesquisa do Aspi acrescenta 100 campos de detenção aos já identificados na investigação do site BuzzFeed News, publicada no último dia 27 de agosto. A reportagem também identificou o apagamento de campos de detenção em Xinjiang nos satélites do Baidu Maps, aplicativo de mapas mais usado na China.

Abuso e trabalho forçado

Os campos despertaram a atenção da comunidade internacional depois que detentos denunciaram prisões arbitrárias e abusos à comunidade uigur. A maioria chinesa han é incentivada a ver com desconfiança essa população, muçulmana e de raízes culturais na Ásia central.

De acordo com o estudo, a maioria dos campos de detenção fica próximo a parques industriais. Com várias denúncias de trabalho forçado, o Aspi entende que os detidos eram obrigados a trabalhar nestes espaços.

Segundo Beijing, os campos não visam o internamento, mas a “reeducação para aliviar a pobreza e combater as ameças ao terrorismo”. A China não permite que jornalistas, grupos de direitos humanos ou diplomatas tenham acesso aos locais.

“Apesar da negativa chinesa, um investimento significativo na construção de novas instalações continuou ao longo de 2019 e 2020”, disse o pesquisador da Aspi, Nathan Ruser.

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