Desde o início da pandemia, Cuba sofre com a escassez de turistas e as sanções reimpostas dos Estados Unidos desde 2017. O binômio gerou o pior desabastecimento nos supermercados da ilha em quase 25 anos.
Com as políticas de isolamento e distanciamento social, houve drástica redução das fontes de receita vindas do turismo, que representam quase 10% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
Graças à escassez de recursos, o governo cubano tem limitado a venda de produtos a lojas estatais, que cobram em dólar. Os valores, no entanto, são muito superiores ao poder aquisitivo médio e já há falta de mercadorias.
“A carne nessa lata é muito cara, mas cada um de nós comprou uma porque, às vezes, em caso de emergência, não há carne em lugar nenhum”, disse o guia de turismo desempregado, Rainer Sánchez, que pagou US$ 3 no item, ao jornal “The New York Times”.
Segundo Sánchez, quem espera nas filas nos supermercados cubanos pode permanecer em pé por até 10 horas. O modelo é semelhante ao implementado logo após a derrocada da União Soviética, no início dos anos 1990, também acompanhada de forte declínio da receita local.
“As lojas cobram em um dólar e os cubanos não ganham isso”, disse o médico Lazaro Hernández ao diário norte-americano. “Aqui se marca a diferença entre as classes.”
O jornal relata que havia um presunto de oito quilos por US$ 230 e um queijo manchego a US$ 149. A maioria dos produtos nas lojas são, no momento, importados.
Isolamento econômico
Desde o início de seu governo, em 2017, o presidente norte-americano, Donald Trump, trabalha para fortalecer o embargo comercial iniciado nos anos 1960 e limitar as fontes de receita do governo de Cuba.
Depois de estabelecer sanções às empresas petroleiras da Venezuela que abasteciam Havana, os EUA cortaram todos os voos comerciais para a ilha. A rota norte-americana havia sido restabelecida em acordo durante o governo Barack Obama, entre 2009 e 2016.
A queda no turismo é um dos problemas centrais gerados pela pandemia na América Latina e no Caribe. O México também foi fortemente afetado.
A despeito da queda na demanda turística, Cuba manteve a pandemia sob controle, com pouco mais de 100 mortes pelo novo coronavírus. A combinação de Estado policial e sistema básico de saúde público e abrangente auxiliou o governo Díaz-Canel a conter as infecções.
Especula-se que a próxima medida econômica do governo será realizar a primeira desvalorização oficial do peso desde a ascensão de Fidel Castro ao poder na ilha, em 1959. A meta seria unificar a oferta monetária.
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