O Executivo e o Legislativo dos Estados Unidos disputam qual seria o melhor desfecho para o acordo que prevê a retirada do Sudão da lista de patrocinadores do terrorismo, explica análise da revista “Foreign Policy” desta sexta (25).
A Casa Branca quer a normalização das relações sudanesas com Israel. O atual governo norte-americano estaria pressionando o governo do Sudão, cuja população é 97% muçulmana, a se juntar a Bahrein e Emirados Árabes Unidos no reconhecimento do Estado judeu.
Já o Congresso norte-americano quer uma indenização aos familiares de vítimas dos ataques terroristas em que o Sudão está envolvido. Em 1998, o então governo sudanês teve participação nos bombardeios às embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia.
Se assinado, o acordo determina que o país africano depositará US$ 335 milhões para as famílias das vítimas de ataques terroristas apoiados pelo governo do ditador Omar al-Bashir, derubado em 2019.
Corre na Justiça dos EUA uma ação que busca identificar se o país africano também teve relação com os ataques de 11 de Setembro de 2001. Se comprovado, a expectativa é a de que, sob pressão do eleitorado, os representantes tentem manter o país na lista de apoio ao terrorismo.
O Sudão está na relação há 27 anos, por abrigar Osama bin Laden no início dos anos 1990, enquanto a Al Qaeda planejava os ataques às embaixadas e ao contratorpedeiro USS Cole, em outubro de 2000.
O país reivindica a remoção da lista desde a derrubada de Al-Bashir no ano passado, após 30 anos no poder.
Retomada financeira
Nesta semana, o acordo com EUA, Sudão e Israel foi interrompido por disputas sobre o “dote” da assinatura, explicou a revista norte-americana.
Os EUA ofereceram US$ 500 milhões em “ajuda e investimentos”, Israel prometeu outros US$ 10 milhões em opoio orçamentário direto. Os Emirados Árabes Unidos também entrariam com US$ 600 milhões em acordos comerciais.
O montante não é suficiente para tirar o Sudão da crise econômica de 20 anos, aprofundada durante a pandemia de Covid-19. As autoridades, confrontadas com a hiperinflação na faixa de 150% ao mês e a necessidade de importar produtos básicos, recusaram a oferta.
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