Na Nigéria, metade da população já é atingida pelo desemprego ou improvisa com bicos para pagar as contas, de acordo com o Centro de Estatísticas do país. Se considerada a totalidade da força de trabalho, de 80,2 milhões, são 21,7 milhões de desempregados.
É o pior índice desde a eleição do presidente Muhammadu Buhari. Desde que chegou ao poder, em maio de 2015, o volume de desempregados mais que triplicou no maior exportador de petróleo do continente africano.
Entre os jovens entre 25 e 34 anos, a maior fatia da população, um em cada três não encontra trabalho, de acordo com os dados do governo nigeriano, divulgados pelo portal QuartzAfrica.
Com o baque econômico gerado pela pandemia e pela paralisação quase que total da exportação de petróleo, a Nigéria enfrenta a sua pior recessão em quatro décadas.
Com o maior índice de pobreza extrema do mundo desde 2018, dois em cada cinco nigerianos vivem com apenas US$ 31 (R$ 167) por mês.
Além do aumento da taxa de desemprego em 2020 – 27,1% em comparação a 23,1% no último trimestre de 2018 –, a taxa de subemprego também cresceu 28,6% no país. Nos últimos cinco anos, o índice triplicou.
Como subemprego entende-se aqueles que trabalham menos de 40 horas por semana ou que subutilizam habilidades, tempo e educação.
Declínio na educação
Após drástica redução nos financiamentos para a educação, infraestrutura precária e recorrentes greves de professores, os jovens nigerianos se veem cada vez mais distantes das universidades.
De acordo com a pesquisa, apenas um em cada quatro estudantes que se inscreverem nas universidades do país conseguirá a vaga.
Em contrapartida, os filhos de famílias ricas e de classe média vão estudar no exterior. Essas famílias procuram dar a seus filhos vantagens para vencer o desemprego na Nigéria, além da possibilidade de migrar para outro lugar.
Entre os destinos favoritos desses estudantes estão os EUA. Entre 2018 e 2019, os gastos de estudantes nigerianos gastaram US$ 514 milhões (R$ 2,7 bilhões) no país no ano letivo de 2018-2019.
O valor supera o que foi gasto por jovens alunos nigerianos na França, na Alemanha e no Reino Unido no mesmo período, de acordo o Instituto de Educação Internacional.
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