Em vídeos gravados na edição deste ano da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), os três líderes das maiores potências do mundo – China, Estados Unidos e Rússia – fizeram discursos pró e contra o multilateralismo, com troca de acusações
Em uma fala de apenas sete dos 15 minutos disponíveis, na segunda (21), o presidente norte-americano Donald Trump apelou para que as Nações Unidas se concentrem nos “reais problemas do mundo”. Segundo Trump, essa é a “única forma de a organização ser eficaz”.
O líder dos EUA também responsabilizou a China como a principal disseminadora do novo coronavírus. A Covid-19 seria o “vírus da China” e Beijing é o “controlador virtual da OMS (Organização Mundial da Saúde)”.
Depois de atacar a OMS, Trump anunciou a saída dos EUA de forma unilateral da organização.
Logo depois do discurso de Trump, o embaixador da China na ONU, Zhang Jun, rejeitou as provocações. “São acusações infundadas”, disse. Zhang foi o representante do presidente chinês, Xi Jinping.
Sem citar Trump, Xi não cedeu foi enfático. “Nenhum país deve dominar os assuntos globais, controlar o destino de outros ou manter as vantagens do desenvolvimento só para si”, disse Xi.
China e EUA vivem embate comercial e político que se intensificou desde o início da pandemia. É o ponto mais baixo das relações bilaterais desde a retomada dos laços, em 1971.
O presidente chinês ainda rejeitou a responsabilização chinesa sobre a Covid-19. “Qualquer tentativa de politização do tema, ou estigmatização, deve ser rejeitada”, pontuou.
Xi apontou que os países devem respeitar a “escolha independente quanto ao seu modelo de desenvolvimento” e reiterou o papel da ONU no núcleo do multilateralismo. “Essencial”, afirmou.
No mesmo tom, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, defendeu nesta terça (22) a importância da OMS e ofereceu a vacina russa Sputnik V para distribuição gratuita a todos.
Putin ainda argumentou que o Conselho de Segurança da ONU deve ser “mais inclusivo” e abranger os interesses de “toda comunidade global”. O líder do Kremlin ainda exortou todos os integrantes do conselho a se reunirem “o mais breve possível”.
‘Estamos abertos ao 5G desde que respeitem nossa soberania’, diz Bolsonaro
Em seu discurso nesta terça (22), o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, sinalizou potencial para investimentos internacionais, mas tergiversou sobre o 5G, tecnologia para dispositivos móveis.
A empresa Huawei, da China já foi rejeitada por países como EUA e Reino Unido, temerosos do compartilhamento de informações sensíveis de seus países com o governo chinês.
Bolsonaro afirmou que fará negócios “com parceiros que respeitem a soberania e prezem pela liberdade e proteção de dados“, cutucando os chineses.
O presidente brasileiro ainda afirmou que a mídia do país “politizou” o vírus e semeou o pânico na população. “Sob os lemas ‘fique em casa’ e ‘vamos lidar com a economia mais tarde’, eles quase trouxeram o caos social para o país”, pontuou.
A Assembleia Geral da ONU segue até o dia 1 de outubro e acontece 100% online.
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