Após oito anos sob o comando de Shinzo Abe, o Japão empossou nesta quarta (16) Yoshihide Suga, que termina o mandato como primeiro-ministro até setembro de 2021. A promessa é de continuidade das políticas do sucessor. Na economia, esse desafio será formidável.
Uma manutenção do status quo pressupõe uma nova fase da chamada “Abenomics”. O apelido define o trinômio de política monetária expansionista, reformas para abertura comercial e estímulos fiscais.
O modelo foi adotado para reanimar a economia japonesa, com deflação e crescimento que patina na faixa de 2% ao ano, desde meados dos anos 1990.
O problema é que, na definição do especialista em política externa Chris Miller, em ensaio na revista norte-americana “Foreign Policy“, a Abenomics é contraditória e difícil de manter no atual cenário.
A política monetária mais frouxa, por exemplo, tem efeitos reduzidos porque se tornou lugar-comum em todo o mundo na última década.
À época, o experimento foi acompanhado de taxas de juros negativas e controles sobre a capacidade de empréstimos do governo. Agora, “o Banco do Japão acredita estar sem munição adicional”.
Já os EUA devem utilizar diversos expedientes monetários parecidos no futuro próximo para garantir a recuperação pós-coronavírus – mesmo apresentando em 2020 o maior déficit fiscal desde a 2ª Guerra.
A consequência será um dólar mais fraco e um iene valorizado, o que diminui a competitividade das exportações japonesas. O setor, bem articulado nas altas esferas do poder em Tóquio, pode impor derrotas ao novo governo em matéria de política cambial.
Também caberá a Suga, antigo responsável pela articulação política do governo Abe, organizar a Olimpíada de Tóquio, adiada para 2021 por conta da pandemia do novo coronavírus.
Ao novo premiê também recai a responsabilidade de fortalecer a relação com os EUA, considerada de alta prioridade na era Abe. A partir de sua interação com o Ocidente, será possível observar a estratégia de contenção japonesa de uma China cada vez mais presente no tabuleiro asiático.
Oito ministros do sucessor permanecerão em seus cargos com a troca. Entre eles, o titular da Economia e vice-premiê, Taro Aso, além dos chefes da revitalização econômica, Yasutoshi Nishimura, e das Relações Exteriores, Toshimitsu Motegi. A Defesa ficou com o irmão de Abe, Nobuo Kishi.
Shinzo Abe anunciou que anunciou que deixaria o cargo no último dia 28. O ex-primeiro-ministro foi o mais longevo a história moderna japonesa e deixou o cargo por problemas de saúde. Uma colite ulcerativa crônica, da qual sofre há décadas, seria o motivo do afastamento.
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