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quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Em Burkina Faso, na África, desnutrição grave em crianças bate recorde, diz ONU

Mais de 535 mil crianças com menos de cinco anos sofrem de desnutrição aguda em Burkina Faso, recorde na história do país da África ocidental. O dado é de relatório publicado nesta terça (8) pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

A baixa nutrição aumenta a chance de morte em nove vezes, na comparação com crianças que comem bem, informou a agência da ONU (Organização das Nações Unidas).

Burkina Faso tem mais de um milhão de deslocados internos, dos quais 60% são crianças. Estima-se que 3,3 milhões sofrem de insegurança alimentar aguda no país africano, de 19,7 milhões de habitantes.

Em Burkina Faso, meio milhão de crianças estão em desnutrição grave, aponta ONU
Mãe e filho na Unidade de Reabilitação de Nutrição para crianças no Hospital de Schiphra, em Ouagadougou, Burkina Faso (Foto: UN PHoto/Evan Schneider)

A pesquisa aponta que a cidade de Gorom-Gorom, na região do Sahel, e o campo de refugiados de Barsalogho são os mais afetados pela desnutrição infantil. As taxas alcançam 18,4% e 16,1%, respectivamente. O limite de emergência da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de 15%.

Nas comunidades Dori, Gorgadji, Bourzanga e Fada N’Gourma, a prevalência é de 12,5% a 13,6%. Um impacto menor, mas ainda significativo, é registrado em Kongoussi, Ouahigouya, Kaya e Matiacoali, com índices de 8,6% a 9,6%.

Razões da desnutrição

A pandemia da Covid-19 e os deslocamentos forçados pela violência intensificaram a desnutrição. Burkina Faso vive a crise humanitária que mais cresce no mundo, segundo a ONU.

A estimativa é que 5% da população já tenha se deslocado após ataques de grupos armados no norte e leste do país.

“Os fatores agravantes para a deterioração da situação nutricional estão ligados ao deslocamento das populações devido à insegurança, acesso reduzido aos meios de subsistência e aos cuidados de saúde e nutrição”, disse James Mugaju, representante adjunto da Unicef em Burkina Faso.

Agora, a Unicef recruta profissionais da saúde para tratar as crianças desnutridas nas comunidades mais afetadas. Desde janeiro de 2020, 51 mil crianças com desnutrição grave foram medicadas no país.

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