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domingo, 7 de agosto de 2022

Remessas de smartphones cresceram na Índia, apesar de investigações contra chineses

Mesmo com o fisco e agências federais de investigação indianas no encalço de gigantes chinesas das telecomunicações por suspeitas de evasão fiscal, a Índia tem registrado aumento nas remessas de smartphones 5G fabricados na China. As informações são do site The Economic Times.

O governo local investiga uma suposta evasão de obrigações das fabricantes Vivo India (nenhuma relação com a operadora de telefonia brasileira), Oppo Mobiles e Xiaomi. Esta última, em maio, teve confiscados cerca de US$ 726 milhões em ativos após uma investigação descobrir que a empresa de produtos de tecnologia teria transferido dinheiro para fora do país ilegalmente, violando leis cambiais. 

Na quarta-feira (3), o Ministério das Finanças informou que a Diretoria de Inteligência de Receitas (DRI) detectou evasão de impostos alfandegários no valor de 2,2 milhões de rúpias (pouco mais de R$ 144 mil) pelo braço indiano da gigante chinesa de smartphones Vivo. Dezoito empresas estabelecidas pela subsidiária que enviaram grandes quantias de dinheiro da Índia estão sob averiguação das autoridades.

Prédio da Vivo em Nanjing, na China (Foto: WikiCommons)

A suposta violação foi revelada por um trabalho investigativo conduzido contra a Vivo India pela inteligência indiana. A ação dos oficiais da DRI envolveu batidas nas instalações da fábrica de telefones, “o que levou à recuperação de provas incriminatórias que indicavam a declaração dolosa na descrição de certos itens importados pela Vivo India, para uso na fabricação de telefones celulares”, segundo um comunicado oficial.

Segundo o jornal New Indian Express, além da Vivo, as agências indianas fizeram operações pente-fino em quase todos os fabricantes de celulares chineses, incluindo Xiaomi, Oppo India e Huawei. Mais de 5,5 milhões de rúpias (R$ 361 mil) foram identificados somente em fundos da evasão fiscal da Xiaomi. Na Oppo, a DRI detectou evasão de impostos alfandegários de 4,3 milhões de rúpias (R$ 285 mil).

Apesar da marcação cerrada do governo, o mercado está aquecido. As remessas de smartphones 5G para a Índia cresceram 163% no período de abril a junho. Segundo um relatório divulgado nesta quinta (4), a Samsung lidera o segmento, com 28% de participação de mercado. A Vivo vem atrás com 15% das vendas.

Um em cada três smartphones enviados no segundo trimestre de 2022 era um smartphone com capacidade para 5G. O número deve aumentar à medida que os leilões para a exploração e oferta da tecnologia de quinta geração avançam.

“Com a conclusão dos leilões de 5G e o lançamento antecipado dos serviços na Índia em breve, haverá mais impulso nas remessas de smartphones 5G”, disse Menka Kumari, analista do Industry Intelligence Group.

Na mira

cruzada do governo indiano contra empresas chinesas não termina aí. Em dezembro de 2021, as fabricantes chinesas de telefones Xiaomi e Oppo já haviam sido alvo de buscas em 11 Estados Indianos, igualmente acusadas de evasão fiscal.

No ano passado, a Huawei ficou fora da lista de potenciais fornecedores de tecnologia para a rede 5G do país. A ZTE também já havia sido excluída. A perda no caso é considerável, vez que o mercado indiano é o segundo maior do mundo em número de usuários de telefonia móvel.

Por que isso importa?

Índia e China travam uma disputa territorial desde abril de 2020, quando soldados rivais se envolveram em combates em vários pontos da área montanhosa que divide os dois países, com acusações mútuas desrespeito à Linha de Controle Real (LAC, na sigla em inglês), a fronteira de fato entre as nações.

Os vizinhos compartilham uma fronteira não delimitada oficialmente de 3,5 mil quilômetros através do Himalaia e mantêm um acordo de paz instável desde o fim da guerra sino-indiana, em novembro de 1962.

Em 15 de junho de 2020, a paz na fronteira foi quebrada após novos confrontos entre soldados indianos e chineses no vale de Galwan, na região de Ladakh, na Índia. Na ocasião, 20 soldados indianos e quatro chineses morreram em combates corporais entre as tropas das duas nações. O confronto envolveu basicamente paus e pedras, sem nenhum tiro ter sido disparado.

Desde então, milhares de soldados estão posicionados dos dois lados da fronteira, e obras com fins militares tornaram-se habituais na região. As nações reivindicam vastas áreas do território alheio no Himalaia, problema que vem desde a demarcação de áreas pelos governantes coloniais britânicos.

Beijing e Nova Délhi mantiveram 14 rodadas de negociações desde os confrontos de junho de 2020. As conversas levaram à retirada de tropas em vários pontos ao longo da ALC, mas não de todos. E não foi possível chegar a nenhum acordo sobre a fronteira. Para especialistas, qualquer deslize de um dos lados pode levar a uma guerra entre as nações.


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