A economia da Rússia foi duramente atingida pelas sanções e o êxodo de empresas ocidentais que se sucederam à invasão da Ucrânia, no dia 24 de fevereiro. Nem os bilhões arrecadados com a venda de energia compensam as perdas, segundo um estudo realizado por especialistas em economia e negócios da Universidade de Yale, nos EUA. As informações são do jornal The Moscow Times.
“As descobertas de nossa análise econômica abrangente da Rússia são poderosas e indiscutíveis: não apenas as sanções e o recuo dos negócios funcionaram, mas também prejudicaram completamente a economia russa em todos os níveis”, diz o relatório fruto do estudo.
O material foi produzido sob a chefia de Jeffrey Sonnenfeld, presidente do Instituto de Liderança Executiva de Yale. Embora Moscou tenha deixado de divulgar dados cruciais, a equipe dele foi capaz de obter os resultados baseando-se em informações de empresas, bancos, consultores e parceiros comerciais russos.
“A produção doméstica russa parou completamente, sem capacidade de substituir negócios, produtos e talentos perdidos”, afirma em suas 118 páginas o estudo, que contou ainda com dados não divulgados de especialistas em economia russa.
A situação só não é pior justamente graças ao dinheiro pago pela energia que o país exporta. Porém, isso tende a mudar conforme a Europa vai reduzindo o consumo de commodities como gás e petróleo. “A Rússia depende muito mais da Europa do que a Europa depende da Rússia”, dizem os analistas.
Por que isso importa?
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, mais de mil empresas ocidentais deixaram de operar em território russo, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral. O levantamento foi feito pela Universidade de Yale, nos EUA.
A debandada tem prejudicado o consumidor local, privado de produtos de setores diversos, como entretenimento, tecnologia, automobilístico, vestuário e geração de energia.
No setor de alimentação, o McDonald’s recentemente vendeu seu negócio no país a um empresário russo. Ao fim do ano passado, a rede tinha 847 lojas no país. Diferente do que ocorre no resto do mundo, onde habitualmente atua no sistema de franquias, 84% das lojas russas eram operadas pela própria companhia. Somado ao faturamento na Ucrânia, a operação respondia por 9% da receita global da empresa.
Duas importantes cervejarias da Europa, a holandesa Heineken e a dinamarquesa Carlsberg, também anunciaram que venderiam seus negócios e deixariam de atuar na Rússia. Os planos da empresa da Holanda incluem manter o pagamento de seus funcionários até o final do ano, período no qual buscará um comprador, bem como vender o negócio sem margem de lucro. Já a companhia da Dinamarca diz que seguirá em funcionamento, mas com uma operação em pequena escala, até ser vendida.
Uma decisão que já causou problemas foi o fim dos serviços das companhias de cartões de crédito Mastercard e Visa. O maior banco estatal da Rússia, o Sberbank, disse que o impacto na rotina doméstica dos cidadãos seria pequeno e assegurou que ainda é possível “sacar dinheiro, fazer transferências usando o número do cartão e pagar em lojas russas offline e online”, de acordo com a rede britânica BBC.
A tendência é a de que os consumidores russos possam usar os cartões normalmente até que percam a validade e, depois disso, não recebam novos plásticos. Entretanto, os cartões emitidos na Rússia já deixaram de ser aceitos no exterior. Isso atrapalhou, por exemplo, turistas que ficaram impedidos de deixar a Tailândia, por problemas com voos cancelados e cartões bloqueados.
No setor de vestuário, quem anunciou estar deixando o mercado russo é a Levi’s, sob o argumento de que quaisquer considerações comerciais “são claramente secundárias em relação ao sofrimento humano experimentado por tantos”. Nike e Adidas também suspenderam todas as operações no mercado russo. A sueca Ikea, gigante do setor de móveis, é outra que decidiu deixar a Rússia em função da guerra.
Nas áreas de entretenimento e tecnologia, alguns gigantes também optaram por suspender as vendas de produtos e serviços no país de Vladimir Putin. A Netflix interrompeu seus serviços e cancelou todos os projetos e aquisições na Rússia, enquanto Warner, Disney e Sony adiaram os lançamentos de suas novas produções no país. Já a Apple excluiu os aplicativos das empresas estatais russas de mídia RT e Sputnik e disse que não mais venderá seus produtos, como iPhones e iPads, em território russo. Panasonic, Microsoft, Nokia, Ericsson e Samsung são outras que optaram por encerrar as operações no país.
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