O PMA (Programa Mundial de Alimentos) afirma que o roubo de mais de meio milhão de toneladas de combustível na região de Tigré, na Etiópia, impossibilita a continuação das operações que apoiam milhões de pessoas.
Segundo as informações da agência, homens armados entraram no complexo do PMA na capital regional, Mekelle, na quarta-feira (24), e levaram 12 caminhões-tanque cheios, que haviam chegado apenas alguns dias antes.
O diretor executivo do PMA, David Beasley, emitiu um comunicado condenando o roubo, que ocorreu quando os combates foram retomados entre as forças etíopes e os separatistas após uma trégua humanitária de cinco meses.
O chefe da agência explica que será impossível distribuir alimentos, fertilizantes, medicamentos e outros suprimentos de emergência em Tigré, onde cerca de 5,2 milhões de pessoas enfrentam fome severa. Beasley adiciona que o roubo deixará as comunidades da região, que já lutam com os impactos do conflito, mais perto da fome. O PMA será impedido de abastecer geradores e veículos, essenciais para funcionários e parceiros humanitários que apoiam populações vulneráveis.
Em nota, ele exige que as autoridades do país devolvam os estoques de combustível à comunidade humanitária imediatamente. O representante da agência da ONU explica que, como a próxima colheita acontece apenas em outubro, as entregas de alimentos são urgentes para a sobrevivência de milhões de pessoas.
Segundo a agência, a equipe na Etiópia segue trabalhando para obter assistência aos mais necessitados, mas é necessário “combustível, financiamento e movimentação total de suprimentos nas linhas de controle para maximizar as entregas no norte da Etiópia”.
Dados
Na quinta-feira (25), Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), também falou sobre o episódio e reafirmou que o roubo de combustível em Mekelle coloca em risco as operações humanitárias. Ele citou alguns números para explicar o impacto da perda, estimando que dois milhões de litros de combustível são necessários mensalmente para garantir a entrega de ajuda.
Antes da chegada dos últimos navios-tanque, cerca de 1,8 milhão de litros foram levados para Tigré desde abril pela única estrada aberta para Mekelle. Com a escassez de alimentos, Dujarric afirmou que a ONU está preocupada com o impacto que isso pode ter nas taxas de desnutrição e insegurança alimentar na região.
Segundo o porta-voz, desde o início de abril, quando os alimentos começaram a chegar pela estrada, até meados de agosto, mais de 81 mil toneladas de alimentos foram distribuídas para cerca de 4,8 milhões de pessoas. Ele conclui fazendo um apelo a todas as partes para que cumpram suas obrigações sob o Direito Internacional Humanitário e respeitem o pessoal humanitário, atividades e bens.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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