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quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Em meio a sanções, importações de smartphones caem 38% na Rússia

A debandada de empresas ocidentais, em virtude da guerra desencadeada pela invasão da Ucrânia, levou a uma queda de 38% nas importações de smartphones na Rússia. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (17) pelo jornal local Kommersant.

No caso dos aparelhos mais baratos, de até dez mil rublos (R$ 855), a queda nas importações foi ainda maior, de 56%. Esses aparelhos representam hoje 27% do total de remessas, sendo que no mesmo período do ano anterior eram 38%. Já os smartphones do segmento médio, de até 30 mil rublos (R$ 2,5 mil), representam hoje 56% das importações, contra 46% de 2021.

De acordo com a empresa russa de comércio eletrônico Citilink, a faixa mais barata é justamente a que tem maior demanda atualmente. “Se no primeiro semestre do ano passado a maior demanda foi por gadgets que custavam de 15 mil a 30 mil rublos, neste ano os compradores da rede preferem dispositivos com preços de até dez mil rublos”.

A empresa russa de alta tecnologia GS Group, por sua vez, afirma que a queda nas importações está possivelmente associada à saída da sul-coreana Samsung do país. Mesmo as chinesas Xiaomi e Realme reduziram seus suprimentos, tudo sob um cenário de duras sanções econômicas impostas a Moscou sob a liderança dos EUA e da União Europeia (UE).

Celular da empresa chinesa Xiaomi (Foto: N.Tho.Duc/Unsplash)
Importação paralela

Uma das estratégias adotadas por Moscou para driblar o êxodo de empresas foi legalizar a importação paralela de bens. Para viabilizar esse sistema, foi criada uma lista de bens que podem ser importados sem a aprovação da empresa que os produz. Assim, é possível comprar os bens de terceiros e então revendê-los no mercado russo.

A importação paralela envolve, na maioria dos casos, países da União Econômica Eurasiática (UEE), cujos membros compartilham uma união aduaneira com Moscou, que lidera a iniciativa. São eles Armênia, Belarus, CazaquistãoQuirguistão.

O presidente russo Vladimir Putin já havia adiantado, em maio, que os cidadãos do país encontrariam uma forma de manter seus hábitos de consumo em meio às sanções. E chegou a fazer pouco caso da debandada de empresas.

“Às vezes, quando você olha para aqueles que partem – graças a Deus, talvez? –, vamos ocupar seus nichos. Nosso negócio, nossa produção já cresceu e ficará segura no terreno preparado por nossos parceiros”, disse Putin durante uma videoconferência com líderes de outras ex-repúblicas soviéticas.

No caso dos smartphones, um caso que se enquadra na nova estratégia da Rússia é o da Apple. A re:store, autodenominada a maior revendedora da marca no país, continua abastecida. Inclusive, tem produtos lançados depois da saída da empresa do mercado russo. E o iPhone 14, a ser lançado em setembro, está prometido para chegar às prateleiras, embora com cerca de um mês de atraso.

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