A Energoatom, estatal ucraniana responsável pela operação de todas as quatro usinas nucleares do país, informou na terça-feira (16) que seu site foi alvo de um ataque hacker originário da Rússia. As informações são do portal Yahoo News.
O comunicado foi compartilhado no canal de Telegram da empresa de energia nuclear. “Em 16 de agosto de 2022, o site da Energoatom sofreu o ataque cibernético mais extenso desde o início da invasão em grande escala da Rússia. O ataque foi realizado a partir do território da Federação Russa”.
A ação teria sido orquestrada pelo People’s CyberArmy, um grupo russo de cibercriminosos. “O ataque usou 7,25 milhões de bots, que simularam centenas de milhões de visualizações da página inicial da empresa ao longo de três horas”, acrescentou a nota.
Apesar do tráfego intenso causado pelo ataque, a Energoatom disse que o site se manteve no ar e não foi afetado de forma significativa. “Usuários regulares foram capazes de continuar lendo o site sem interrupções”.
O ataque cibernético ocorre em meio ao aumento das tensões em relação à usina nuclear de Zaporizhzhya, no sul da Ucrânia, ocupada pelas forças russas desde março, pouco após o início da invasão.
Na segunda-feira (15), o parlamento ucraniano pediu à comunidade internacional que reconheça as ações dos militares russos em Zaporizhzhya como um ato de terrorismo e imponha sanções contra toda a indústria nuclear da Federação Russa.
Por que isso importa?
Um relatório de segurança digital publicado no dia 27 de abril pela Microsoft expôs a participação de hackers russos na guerra contra a Ucrânia. A empresa analisou uma série de ciberataques atribuídos a Moscou e constatou que, em alguns casos, eles inclusive ocorreram em sincronia com operações militares do exército da Rússia.
“A Microsoft observou grupos russos de ameaças cibernéticas realizando ações em apoio aos objetivos estratégicos e táticos de seus militares”, diz o documento. “Às vezes, os ataques à rede de computadores precedem imediatamente um ataque militar, mas esses casos são raros, do nosso ponto de vista”.
Tom Burt, vice-presidente de segurança e confiança do cliente, citou um exemplo da sincronia entre hackers e soldados. “Um ator russo lançou ataques cibernéticos contra uma grande empresa de transmissão em 1º de março, no mesmo dia em que os militares russos anunciaram sua intenção de destruir alvos de ‘desinformação’ ucranianos e dirigiram um ataque com mísseis contra uma torre de TV em Kiev”, disse ele num post publicado em um blog da Microsoft.
De acordo com o relatório, a missão dos hackers nem sempre é comprometer sistemas. Muitas vezes, a meta é difundir desinformação e propaganda. “As operações cibernéticas até agora têm sido consistentes com ações para degradar, interromper ou desacreditar as funções governamentais, militares e econômicas ucranianas, garantir pontos de apoio em infraestrutura crítica e reduzir o acesso do público ucraniano às informações”, afirma o relatório.
O documento diz que analisou cerca de 40 “ataques destrutivos”, sendo 32% contra organizações governamentais ucranianas e mais de 40% direcionados a organizações em setores críticos de infraestrutura.
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