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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Ataques de insurgentes mataram ao menos 40 pessoas na RD Congo ao longo de cinco dias

Uma série de ataques realizados por extremistas islâmicos mataram ao menos 40 pessoas na República Democrática do Congo entre a quinta-feira (25) da semana passada e a segunda-feira desta semana (29). Os números foram divulgados por um grupo de direitos humanos e por uma enfermeira, de acordo com a agência Reuters.

A responsabilidade pela ação foi atribuída à facção extremista ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês), que se diz associada ao Estado Islâmico (EI) e que tem realizado ataques constantes contra a cidadãos congoleses.

Mathe Mupanda Salomon, enfermeira de um hospital local, disse ter visto 26 corpos, além de ter testemunhado o sequestro de outras 76 pessoas.

De acordo com Christophe Munyanderu, que coordena a organização humanitária Convenção para o Respeito dos Direitos Humanos (CRDH), cinco vilas foram alvo dos agressores, com mulheres e crianças entre as vítimas.

“Tudo isso sob os olhos das autoridades”, disse o coordenador, cobrando uma ação do governo congolês. “Estamos morrendo aqui, mas nada está sendo feito”.

No início do mês de agosto, Munyanderu já havia reportado outro ataque da ADF contra duas vilas no leste do país, com cerca de 20 mortos. Na ocasião, uma testemunha, parente de uma das vítimas, afirmou que muitos dos mortos tiveram suas gargantas cortadas.

Soldados da RD do Congo em Goma, província de Kivu do Norte (Foto: MONUSCO/Clara Padovan)

Por que isso importa?

A ADF é uma organização paramilitar originária de Uganda acusada de estar por trás de milhares de mortes nos últimos anos. O grupo nasceu em 1995, como oposição ao presidente Yoweri Museveni e atua majoritariamente em áreas remotas. Com o tempo, a facção ultrapassou a fronteira e passou a agir na RD Congo.

A facção foi colocada na lista de sanções financeiras por Washington, classificada como terrorista, e declarou publicamente ser um braço do Estado Islâmico (EI), que por sua vez assumiu a responsabilidade por alguns de seus ataques.

A ADF é acusada de realizar massacres, sequestros e saques, com um número de mortos estimado em milhares. No começo de maio de 2021, o governo congolês decretou lei marcial em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, de modo a estancar a violência atribuída aos rebeldes. Porém, o número de civis mortos só cresceu.

De acordo com dados do projeto Kivu Security Tracker (KST), que monitora a segurança na RD Congo, a ADF foi responsável por 1.050 mortes violentas no país em 2021, um aumento considerável em relação ao ano anterior, quando os dados apontam 599 vítimas dos insurgentes.

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