Uma foto publicada por um jornalista russo no aplicativo de mensagens Telegram teria ajudado Kiev a bombardear um esconderijo do Wagner Group, organização paramilitar russa que tem apoiado Moscou na guerra contra a Ucrânia. As informações são da rede britânica BBC.
A base dos mercenários, na cidade de Popasna, leste da Ucrânia, teria sido atingida no final de semana pelas forças ucranianas, usando o Sistema de Artilharia de Foguetes de Alta Mobilidade (HIMARS, na sigla em inglês) fornecido pelos EUA. Não foram divulgadas informações sobre os danos às instalações nem sobre o número de vítimas.
Para localizar a base do Wagner Group, as forças armadas da Ucrânia teriam se valido de um descuido do jornalista russo Sergei Sreda, um correspondente de guerra pró-Kremlin que cobre o conflito no campo de batalhas.
No Telegram, ele teria publicado uma foto em que aparece ao lado de quatro indivíduos com uniformes militares, supostamente combatentes da organização mercenária. Ocorre que, no lado superior esquerdo da foto, é possível ver uma placa com o nome da rua.
A placa mostra o endereço Mironovskaya 12, Popasna. A cidade fica ao sul de Severodonetsk, na região separatista de Luhansk, que as forças russas agora controlam inteiramente.
Quem sugeriu a conexão entre a foto e o ataque foi o governador Serhiy Hayday. Ele usou o próprio Telegram para dizer que a artilharia ucraniana “atingiu um QG inimigo cujo paradeiro foi estabelecido graças a um jornalista russo”. Essa informação, porém, carece de verificação independente.
“Desta vez, o ataque bem-sucedido destruiu ontem o QG da Wagner PMC (Empresa Militar Privada, da sigla em inglês) em Popasna”, disse ele, acrescentando que “o número de mortos está sendo esclarecido”.
O Wagner Group
Oficialmente, o Wagner Group sequer existe. No entanto, há indícios de que ao menos dez mil pessoas já serviram à misteriosa organização desde que ela deu as caras pela primeira vez. Foi em 2014, quando os mercenários foram destacados para dar suporte às forças separatistas pró-Rússia da região de Donbass e na Crimeia, na Ucrânia.
De lá para cá, há sinais de presença do grupo em conflitos em diversos países, como Líbia, Síria, Sudão, Moçambique e República Centro Africana. Os mercenários são acusados de inúmeros crimes de guerra nos conflitos dos quais participaram, e agora acredita-se que por volta de mil deles estejam em ação na guerra iniciada no dia 24 de fevereiro na Ucrânia.
Embora o grupo alegue não ter nenhuma relação formal com o Kremlin, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro dos EUA já designou o Wagner Group como uma “força de procuração do Ministério da Defesa da Rússia”, segundo artigo assinado por James Petrila e Phil Wasielewski e publicado no blog Lawfare.
Há cerca de um ano, um mercenário ouvido pela BBC afirmou que a organização “é uma estrutura que visa promover os interesses do Estado para além das fronteiras do nosso país (a Rússia)”. E classificou os combatentes como “profissionais da guerra”, pessoas em busca de emprego ou apenas “românticos que querem servir seu país”.
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