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terça-feira, 16 de agosto de 2022

Situação de segurança se deteriora e aumenta preocupação com direitos humanos no Mali

As rotações de tropas da ONU (Organização das Nações Unidas) na missão de paz no Mali, a Minusma, foram retomadas na segunda-feira (15) com um novo mecanismo de aprovação, um mês depois de terem sido suspensas pela junta militar que governa o país, que acusou 49 soldados da Costa do Marfim de entrar no país sem permissão.

Os soldados, que foram descritos pelo governo do Mali como “mercenários”, faziam parte das operações de apoio logístico para a missão de quase 12 mil homens, segundo o governo marfinense.

As autoridades judiciais malianas confirmaram oficialmente que, após um incidente ocorrido em 10 de julho, os soldados foram presos sob a acusação de “tentar um ataque à segurança do Estado”.

As prisões destacam o atrito existente entre a junta, que tomou o poder por meio de um golpe em agosto de 2020, e a ONU, cujos mantenedores da paz fornecem segurança contra militantes islâmicos no país desde 2013.

Assimi Goita, coronel que governa o Mali, escoltado pelo exército (Foto: Twitter/PresidenceMali)

A missão da ONU e as autoridades malianas concordaram com um procedimento de rotação simplificado, de acordo com a porta-voz da Minusma, Myriam Dessables. “Os rodízios vão recomeçar esta segunda-feira”, confirmou ela, dizendo ainda que “acabamos com” os contatos diretos dos contingentes”.

Todos os pedidos devem agora ser transmitidos e validados pelo Gabinete de Relações Exteriores do país.

Enquanto isso, as relações entre o Mali e os países contribuintes de tropas continuam tensas. Após nove anos, as últimas forças de paz francesas da Missão Barkhane partiram na segunda-feira.

Direitos humanos

Após uma visita de dez dias, o especialista independente da ONU sobre a situação dos direitos humanos no Mali, o senegalês Alioune Tine, saudou as medidas para restaurar a ordem constitucional e retornar ao regime civil no país.

Não obstante as medidas em curso, salientou, no entanto, a rápida deterioração da situação dos direitos humanos no país, que suscitou graves preocupações com o ressurgimento do extremismo. Ele observou um aumento na frequência de ataques cometidos por grupos extremistas violentos no norte do país, no centro e ao redor da capital, Bamako.

“A deterioração da situação de segurança no Mali tem um impacto considerável na proteção dos direitos humanos e na situação humanitária”, disse o especialista da ONU. “Existe um clima venenoso marcado pela suspeita e desconfiança, com um contínuo estreitamento do espaço cívico, o endurecimento das autoridades de transição malianas e um mal-estar que não poupa os parceiros internacionais”.

Ele pediu às autoridades de transição do Mali e aos parceiros internacionais que readaptem urgentemente as respostas e estratégias de segurança que efetivamente protegeram a população civil e seus direitos humanos fundamentais.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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