O PMA (Programa Mundial de Alimentos) afirmou na terça-feira (9) que, se nada for feito, até outubro não haverá mais verba para oferecer refeições aos refugiados da Etiópia. Para evitar a crise, a agência lançou um novo apelo de US$ 73 milhões.
Com o valor, será possível alimentar mais de 750 mil refugiados durante os próximos seis meses. O pedido foi feito em conjunto com a Acnur (Agência da ONU para Refugiados, e o RSS (Serviço de Refugiados e Retornados do Governo Etíope).
As três agencias alertam que a falta de alimentação deixará famílias dependentes de assistência alimentar, em risco de desnutrição, de deficiência de nutrientes e suscetíveis a doenças e infecções.
Devido à falta de financiamento prolongado, o PMA teve que cortar refeições para 750 mil refugiados em 22 acampamentos e cinco locais em comunidades de acolhimento na Etiópia. Em novembro de 2015, houve uma redução de 16%. Seis anos depois, o corte foi mais que o dobro: 40%. Neste ano, a ajuda foi reduzida pela metade.
A insegurança alimentar entre os refugiados aumentou como resultado desses cortes. A indisponibilidade de alimentos, os choques econômicos, o aumento dos custos de alimentos e de energia, as consequências da Covid-19, os conflitos e a insegurança só agravaram a situação.
Para entender o impacto dos cortes de refeições na segurança alimentar e na situação socioeconômica dos refugiados, as agências realizaram uma avaliação rápida em abril.
Como medida de curto prazo, o PMA e seus parceiros continuam a priorizar as necessidades de crianças de 6 a 23 meses e mulheres grávidas e amamentando no programa de prevenção da desnutrição.
O representante do PMA e diretor nacional para a Etiópia, Claude Jibidar, disse que a prioridade deve ser restaurar o auxílio, pelo menos em níveis mínimos, para os refugiados que dependem exclusivamente do dinheiro e da assistência alimentar da agência para sobreviver.
De acordo com a agência, se houver uma resposta imediata dos doadores, será possível comprar alimentos disponíveis na região e transportá-los para atender às necessidades alimentares dos refugiados.
Também será possível enviar dinheiro para os refugiados, dando-lhes a escolha de como atender às suas necessidades imediatas e estimulando os mercados locais.
A vice-representante da Acnur na Etiópia, Margaret Atieno, explicou que a falta contínua de alimentos, alinhada ao impacto da seca mais severa que o país experimentou em mais de 40 anos, prejudicará os ganhos obtidos na proteção dos refugiados e afetará a coexistência pacífica entre eles e suas comunidades anfitriãs.
Já o diretor geral da RRS, Tesfahun Gobezay, disse que as restrições criam conflito e estresse devido à competição pelos escassos recursos locais existentes.
A Etiópia acolhe mais de um milhão de refugiados e requerentes de asilo registrados. A maioria deles é do Sudão do Sul, Somália, Eritreia e Sudão. Destes, cerca de 750 mil são totalmente dependentes de assistência alimentar humanitária.
As três agências contam com a comunidade de doadores para apoio financeiro estendido aos refugiados com base no princípio de responsabilidade compartilhada para implementar atividades humanitárias básicas de salvamento.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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