Um ataque aéreo realizado pelas forças da Turquia na terça-feira (16) matou 17 pessoas na Síria, em uma área de fronteira controlada pelo governo do presidente Bashar Al-Assad. Não foi informado quantas das vitimas são militares do exército sírio ou membros das forças curdas, de acordo com o site The Defense Post.
A informação foi inicialmente divulgada pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, ONG sediada no Reino Unido e que conta com uma ampla rede de fontes dentro da Síria.
Ao menos três dos mortos serviam ao exército de Al-Assad, que prometeu retaliação, segundo a agência de notícias local SANA. “Qualquer ataque a um posto militar comandado por nossas forças armadas terá uma resposta direta e imediata em todas as frentes”, disse o veículo de mídia.
O Ministério da Defesa da Turquia, por sua vez, informou que 13 “terroristas” foram mortos na operação, que ocorreu na cidade curda de Kobane. Por lá, são frequentes os confrontos entre as forças turcas e as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma coalizão de milícias curdas apoiada pelo governo dos EUA.
Em julho, Ancara anunciou planos de realizar mais uma grande operação militar no norte da Síria, sob a justificativa de neutralizar “terroristas”. O alvo seria a milícia YPG (Unidade de Proteção do Povo), que integra as FDS e controla importantes áreas na região de fronteira com a Turquia.
No entanto, em uma cúpula realizada no mês passado, Irã e Rússia vetaram a nova ofensiva contra os curdos, o que levou o governo da Turquia a investir em ações isoladas. Nesse período, as FDS dizem que ao menos 13 de seus combatentes forma mortos em ataques turcos.
Por que isso importa?
A guerra civil na Síria, que já dura mais de 11 anos, opõe Rússia e Irã, aliados do presidente Bashar Al-Assad, à Turquia, que apoia os rebeldes do Exército Livre da Síria (ELS) na luta contra o governo. As FDS estão em um terreno obscuro, vez que seu principal inimigo é o Estado Islâmico (EI), o que garante à milícia o suporte de Washington.
Ancara considera essa aliança um problema, porque classifica a YPG, ligada às FDS, como organização terrorista. A YPG é tida também como braço armado do PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), que por sua vez luta pela autonomia curda na Turquia.
Segundo o ministro da Defesa turco Hulusi Akarem, em 35 anos, a “campanha de terror” da milícia curda já matou mais de 40 mil civis e militares. O objetivo do governo é “exterminar o grupo”, disse ele.
Na guerra civil, a oposição apoiada pelos turcos e por líderes ocidentais exige a queda de Assad, a quem acusa de crimes contra a humanidade. Apoiadores de Assad, por outro lado, criticam o que consideram uma interferência de Washington com o intuito de derrubar o presidente.
Após sofrer duras perdas no início do conflito, Assad conseguiu reconquistar território graças à ajuda de seus aliados. A última região com forte presença da oposição armada inclui áreas da província de Idlib e partes das províncias vizinhas de Aleppo, Hama e Latakia.
Em 2020 foi estabelecida uma trégua intermediada por Rússia e Turquia. Ela inclui os rebeldes e as forças do governo, enquanto grupos extremistas como o EI não fazem parte do pacto.
Apesar da trégua, ataques esporádicos continuam a ocorrer, inclusive com operações militares aéreas lideradas por Moscou. Nesse período, Ancara conseguiu consolidar sua influência no norte da Síria, o que ajudou a evitar uma nova etapa de combates e controlou o fluxo de refugiados.
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