A Índia está sob ameaça de enfrentar uma crise energética em razão da redução dos estoques de carvão, principal fonte de geração de energia no país. O problema é similar ao vivo pela China, que nas últimas semanas foi forçada a paralisar linhas de produção e interromper o fornecimento de luz em determinadas regiões. As informações são da rede Voice of America (VOA).
“Se os estoques de carvão não subirem ao nível que as usinas precisam para operar, pode haver desafios à frente”, disse Vivek Jain, diretor da agência India Ratings Research. “Mas o problema imediato é que você não pode aumentar a produção à vontade”.
A falta do produto deve-se sobretudo ao aumento da demanda, conforme as linhas de produção intensificam o trabalho e os consumidores vão às compras às vésperas da temporada de festivais na Índia. Segundo o Ministério da Energia, no dia 3 de outubro, o estoque médio de carvão nas usinas termelétricas era para cerca de quatro dias.
O consumo de energia na China aumentou 18% nos últimos dois meses, na comparação com o mesmo período do ano passado. E o carvão é responsável por gerar quase dois terços da energia consumida no país, algo que não mudou mesmo com o forte investimento em tecnologias limpas.
Após reduzir o volume de importações de carvão nos últimos meses, quando houve uma queda na demanda pelo produto, agora a Índia enfrenta dois problemas: além da escassez, o alto preço do carvão, o que pode comprometer as intenções do governo de elevarem novamente as importações.
“A Índia pode enfrentar um enorme aumento em sua conta de importação, a menos que se volte para aumentar a produção de energia em suas usinas nucleares ou aumentar a produção de gás natural. Mas se isso não aumentar a tempo, podemos enfrentar interrupções”, disse Jain.
As questões relacionadas à pandemia de Covid-19 também pesam para o problema. O índice de contaminações caiu drasticamente na Índia, que só na última semana, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) teve uma redução de 21% no número de novos casos. Assim, a maioria das restrições a circulação foi suspensa, a economia voltou a se movimentar e o consumo de energia aumentou.
de acordo com o ministro de Energia, R.K. Singh, o impacto da escassez de carvão poderá ser sentido por meses. “Vai ser difícil”, afirmou.
China no escuro
Na China, a crise de fornecimento de energia deixou residências no escuro e sem água, impactando duramente na produção industrial e, consequentemente, no crescimento econômico do país. Apagões foram registrados no nordeste do país, com ao menos dez províncias forçadas a aderir a um programa de racionamento.
O questionamento entre os chineses é quanto à extensão do problema. Eles temem que seja indicativo de uma “lacuna doméstica potencialmente grande no fornecimento que possa levar a uma ‘crise de energia’”.
Foi relatada a falta de energia por três dias em determinadas áreas, afetando uma série de questões na rotina da população. As redes 3G chegaram a sair do ar, deixando celulares sem sinal; semáforos ficaram desligados, tumultuando o trânsito; o comércio em muitas regiões teve que operar à luz de velas, e há casos de pessoas presas em elevadores por longos períodos. Sem energia, o fornecimento de água também foi afetado.
Uma série de fatores levou à escassez “inesperada e sem precedentes” na China, segundo o periódico do Partido Comunista Chinês (PCC). A alta demanda de carvão pela indústria elevou o preço a níveis históricos e diminuiu o suprimento do produto. Paralelamente, há um endurecimento das normas ambientais no tocante à emissão de gases, com a China determinada a reduzir a produção de energia a partir de combustíveis fósseis.
O problema é que quase 60% da economia chinesa depende do carvão, cujo fornecimento foi afetado pela pandemia de Covid-19 e por um conflito comercial com a Austrália, grande fornecedora do produto. Uma fábrica têxtil da província de Jiangsu chegou a cortar totalmente a energia num período entre setembro e outubro. Com isso, cerca de 500 trabalhadores tiveram que deixar seus postos e receberam um mês de folga remunerada.
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