A Arábia Saudita e Síria estão cada vez mais perto de assinar um acordo para normalizar os laços diplomáticos, disseram pessoas envolvidas na negociação à agência catari Al-Jazeera.
Um alto funcionário do Movimento de Oficiais Livres da oposição da Síria, ligado ao ministério de Relações Exteriores saudita, afirmou que o “clima político” em Riad mudou. “Muitos membros da realeza, incluindo o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, estão ansiosos para engajar novamente com [Bashar] Al-Assad”, disse.
A discussão vem na esteira de um relatório publicado no início de maio, em que Riad anuncia o despacho de uma comissão de inteligência a Damasco. A delegação deveria iniciar as tratativas para a possibilidade de reatar laços entre os antigos inimigos. Ainda em maio, a Síria enviou sua primeira delegação a Riad após uma década de isolamento.
O objetivo de Mohammad bin Salman na aproximação com a Síria é acalmar as tensões com o Irã, disse outro alto funcionário do ministério das Relações Exteriores sírio.
“O príncipe instruiu sua equipe a tranquilizar a Síria de que não quer uma mudança de regime contra Assad”, relatou o oficial. “Ele entende que o país, como uma nação árabe fraterna, deve naturalmente estar perto da Arábia Saudita”.
No pano de fundo, este é um sinal de que Riad reconhece a vitória do Irã nos conflitos em que se deteve na Síria. “E [o príncipe] não tentará desafiar essa realidade”, pontuou o funcionário que pediu para não ser identificado devido à sensibilidade do assunto.
Representantes sauditas e do Irã teriam se encontrado em Bagdá no final de abril para discutir, em grande parte, uma resolução à guerra do Iêmen. O Irã, xiita, e a Arábia Saudita, sunita, romperam os laços em 2016, quando Teerã concedeu apoio aos rebeldes houthis e Riad entrou no front a favor do governo iemenita.
Resolução à vista
A Arábia Saudita virou um jogador-chave na guerra da Síria desde que estimulou o conflito para derrubar o regime de Al-Assad, em 2011. Riad forneceu finanças e armamento e diversos grupos rebeldes. O reino só vacilou após intensas intervenções dos principais apoiadores de Al-Assad – Rússia e Irã.
Agora, a tentativa de aproximação parte do desmanche do apoio incondicional dos EUA, após a posse de Joe Biden, aos parceiros do Oriente Médio. Sem Washington, as potências regionais podem ter sentido a necessidade de explorar seus canais próprios de diplomacia, dizem analistas.
Além da Arábia Saudita, o movimento já ocorre entre o Irã e os Emirados Árabes Unidos. Em um documento acessado pelo site Amwaj.media, há relatos de cinco reuniões de Teerã com autoridades da Jordânia e Egito desde o começo do ano. As conversas também já envolveram, além do Iêmen, discussões sobre a Síria e o Líbano.
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