Mais da metade de todos os frutos do mar, madeira e minerais extraídos do Pacífico em 2019 foram para a China. A estimativa é de que esse processo tenha movimentado US$ 3,3 bilhões, apontou uma análise de dados comerciais do “The Guardian”.
Em 2019, o gigante asiático importou 4,8 milhões de toneladas de madeira, e a mesma quantidade de produtos minerais. Pelo menos 72 mil toneladas de frutos do mar deixaram os mares do Pacífico em direção à China.
Atrás da China está o Japão, que importou 4,1 milhões de toneladas de minerais – em especial petróleo –, 370 mil toneladas de madeira e 24 mil toneladas de pescados. A Austrália, por sua vez, adquiriu 600 mil toneladas de minerais, 5 mil toneladas de madeira e 200 toneladas de frutos do mar.
A extração chinesa em massa vem na esteira da tentativa de Beijing aprofundar as conexões com governos regionais. Isso em meio a um impulso de soft power através da distribuição de vacinas contra Covid-19 e da disputa de influência com os EUA e a Austrália.
Para alimentar e gerenciar a população de quase 1,4 bilhão de habitantes, a China tirou mais recursos do que os dez países do Pacífico junto. Nas Ilhas Salomão e Papua Nova Guiné, por exemplo, mais de 90% do total de madeira exportada foi para os chineses.
A contrapartida é verdadeira: empresas chineses investiram mais de U$ 2 bilhões na mineração do Pacífico nas últimas duas décadas, apontou o watchdog American Enterprise Institute.
Extração ilegal
Os dados não levam em consideração as exportações ilícitas. Nas Ilhas Salomão, por exemplo, pelo menos 70% das toras são exportadas de madeira ilegal. A falta de leis na China contra esse tipo de importação absorvem o envio devido à alta demanda e proximidade com a região.
Hoje, Beijing não tem nenhuma lei que proíba de forma explícita a importação de madeira produzida ilegalmente, disse Lela Stanley, consultora de políticas da ONG Global Witness.
Ainda que a nova lei florestal chinesa, em vigor desde julho de 2020, promova o comércio sustentável de madeira, ainda existem preocupações sobre as práticas empresariais. “Mesmo que as leis e regras mudem, levará tempo e será necessária uma aplicação eficaz antes que as empresas mudem de comportamento“, pontuou Stanley.
Donos dos mares
A extração de frutos do mar é o que mais preocupa. Em 2019, a ilha de Kiribati teve até 75% da receita anual ligada ao recebimento de taxas e impostos de acesso à pesca enviados pela China. Ainda assim, o país só exportou mil toneladas de frutos do mar para o gigante asiático.
Enquanto isso, autoridades do país flagraram navios chineses pescando centenas de milhares de toneladas de peixes nas águas do país. O mesmo ocorre agora nas Filipinas, onde a parada de centenas de navios pesqueiros chineses despertou uma crise diplomática, em março.
Uma pesquisa mostrou que as embarcações com bandeiras chinesas operaram em diversas regiões offshore em 2016. Um exemplo é a exploração de pepinos-do-mar nos mares do Sri Lanka, Índia e Papua Nova Guiné – exploração que já levou essa espécie à quase extinção.
“A China é um país pesqueiro responsável”, rejeitou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying. “Temos tolerância zero para violações de leis e regulamentos relevantes cometidos por navios de pesca distantes”.
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