Nenhum país está em dia com os compromissos internacionais para diminuir o risco de catástrofes. A declaração foi feita na Assembleia Geral durante a Reunião de Alto Nível sobre a Revisão Intermediária do Marco de Sendai para Redução de Risco de Desastres.
A assessora de agendas globais da prefeitura de Barcarena, no Estado brasileiro do Pará, Patrícia Menezes, está em Nova Iorque para participar do encontro. E para ela, o mais importante é a prevenção.
Catástrofes sem fronteiras
“A redução de riscos precisa ter uma visão holística e integrada para além de desastres como enchentes, deslizamentos, tsunamis. É preciso ter uma visão mais integrada de risco, levando em consideração também fatores econômicos e sociais, pandemias e demais riscos associados que estão presentes no dia a dia das cidades, sejam elas pequenas, médias ou grandes.”
O município de Barcarena foi o primeiro no Pará a estabelecer como prioridade a produção e a disseminação de conhecimento sobre mudança do clima e oceano, alinhados à Agenda 2030 das Nações Unidas.
Na abertura da reunião, o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Csaba Korosi, disse que para gerenciar melhor os riscos, é preciso entender “como os desastres estão conectados” e como a ação humana está contribuindo para perpetuá-los.
Ele disse que o terremoto na Turquia e na Síria e o ciclone Mocha em Mianmar e Bangladesh evidenciam que os desastres “não conhecem fronteiras”.
Korosi ressaltou a conexão entre estes eventos e a ação ou falta de ação humana.
Sobrevivente do terremoto conta sua experiência
Um sobrevivente do terremoto na Turquia, Mustafa Kemal Kilinç, contou no evento que os momentos de angústia sem saber quem havia morrido na tragédia e as dificuldades com falta de abrigo, água e energia.
Ele disse que na cidade onde vivia, a destruição física foi enorme. Cerca de 14 mil construções caíram por terra. Além disso, 70 mil tiveram danos graves. Ele comparou a devastação ao equivalente à destruição de 20% dos prédios da ilha de Manhattan, em Nova Iorque.
Kemal Kilinç disse que só está vivo hoje porque o edifício em que vive é preparado para eventos extremos e por isso não caiu no terremoto.
O Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres foi adotado em março de 2015, durante a Terceira Conferência Mundial da ONU para a Redução de Riscos de Desastres. Ele tem por objetivo diminuir casos de mortes, destruição e deslocamentos causados por catástrofes naturais.
Aumento de 80%
A reunião de revisão tem como objetivo entender a origem e a conexão entre os riscos, sejam eles naturais, ambientais, relacionados ao clima, biológicos ou tecnológicos. Além disso, a meta é revisar medidas adotadas.
O relatório com as conclusões e recomendações da revisão intermediária constatou que “o progresso estagnou e, em alguns casos, foi revertido”.
Entre os retrocessos está o aumento de 80% no número de pessoas afetadas por desastres desde 2015. Além disso, os custos dos desastres continuam altos, com uma média acima de US$ 330 bilhões por ano entre 2015 e 2021.
Os dados indicam que não houve aumento proporcional no financiamento para a redução do risco de desastres. A reunião de dois dias irá examinar opções para acelerar e ampliar ações que coloquem os países no rumo das metas estabelecidas em 2015.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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