Cuba vai realizar a primeira desvalorização oficial no peso desde 1959, quando Fidel Castro chegou ao poder na ilha. A informação, da última quinta (10), é da agência de notícias Reuters, que falou com três fontes sob condição de anonimato.
A meta é unificar o sistema monetário local, que na prática tem duas moedas em circulação. Além do peso oficial, de câmbio fixo, há também o chamado “peso conversível”.
Esse último, pareado com o dólar para as estatais e vendido ao público a cerca de 25 pesos, é o utilizado no dia a dia. A ideia do governo cubano é respeitar a taxa usada na prática, permitindo que a população troque os pesos conversíveis de forma gradual.
Com a desvalorização, a moeda oficial deve chegar a uma taxa de câmbio de 20 pesos por dólar. Na sequência, espera-se aumento de salários, preços tabelados e seguros e aposentadorias.
A desvalorização, inédita desde a Revolução Cubana, há 61 anos, é uma resposta do governo de Miguel Díaz-Canel ao mais recente capítulo da crise econômica na ilha.
Ventila-se desde julho que o regime deve promover um pacote de reformas. Entre as medidas, diminuir o planejamento e interferência do governo na economia e incentivar o crescimento de micro e pequenas empresas.
Cuba têm problemas históricos na estruturação da sua economia, com planificação e burocracia forte. Também há falta endêmica de recursos, derivada do fim do regime soviético, há 30 anos, que por décadas serviu de anteparo a Havana.
Neste ano, a situação da ilha piorou com a retração global da economia, desde o início da pandemia do novo coronavírus, e das sanções reimpostas pelo governo norte-americano.
Como o peso oficial não é usado no mercado internacional, Cuba também vive dificuldades crônicas para realizar trocas com o exterior. Sem acesso a moeda forte, o país fica impossibilitado de pagar importações e dívida externa, por exemplo.
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