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quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Três políticos de oposição são condenados à prisão por presença em protestos em Belarus

A Justiça de Belarus anunciou nesta quinta-feira (3) as sentenças de prisão de três políticos de oposição que participaram dos protestos populares que se sucederam à contestada eleição presidencial do país em agosto de 2020, que elegeu Alexander Lukashenko para seu sexto mandato. As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).

O trio é encabeçado por Mikalay Kazlou, líder do Partido Cívico Unido (AHP), que foi condenado a cumprir dois anos e meio de prisão. Aksana Alyakseyeva, que comanda uma filial da sigla em Minsk pegou um ano e meio de prisão, enquanto a ativista de direitos humanos Antanina Kavalyova cumprirá um ano.

Kazlou já havia sido sentenciado a três meses de prisão em agosto de 2021, sob a acusação de revelar informações referentes de uma investigação federal. Libertado em março deste ano, ele foi novamente detido em julho, e o julgamento terminou nesta quinta.

A violenta repressão imposta por Lukashenko levou muitos oposicionistas a deixarem o país. Aqueles que não fugiram são perseguidos pelas autoridades e invariavelmente presos. É o caso de Sergei Tikhanovsky, que cumpre uma pena de 18 anos de prisão sob acusações que consideradas politicamente motivadas.

Tikhanovsky é marido de  Sviatlana Tsikhanouskaia, candidata derrotada na eleição presidencial de agosto de 2020, pleito que gerou protestos populares devido às denúncias de fraude. Lukashenko foi declarado vencedor, apesar das evidências de manipulação.

Mikalay Kazlou, político oposicionista belarusso (Foto: prisoners.spring96.org)
Por que isso importa?

Belarus testemunha uma crise de direitos humanos sem precedentes, com fortes indícios de desaparecimentos, tortura e maus-tratos como forma de intimidação e assédio contra seus cidadãos. Dezenas de milhares de opositores ao regime de Lukashenko, no poder desde 1994, foram presos ou forçados ao exílio desde as controversas eleições no ano passado.

O presidente, chamado de “último ditador da Europa”, parece não se incomodar com a imagem autoritária, mesmo em meio a protestos populares e desconfiança crescente após a reeleição de 2020, marcada por fortes indícios de fraude. A porta-voz do presidente, Natalya Eismont, chegou a afirmar em 2019, na televisão estatal, que a “ditadura é a marca” do governo de Belarus.

Desde que os protestos começaram, após o controverso pleito, as autoridades do país têm sufocado ONGs e a mídia independente, parte de uma repressão brutal contra cidadãos que contestam os resultados oficiais da votação. Ativistas de direitos humanos dizem que centenas de pessoas são atualmente prisioneiros políticos no país.

O desgaste com o atual governo, que já se prolonga há anos, acentuou-se em 2020 devido à forma como ele lidou com a pandemia, que chegou a chamar de “psicose”. Em determinado momento, o presidente recomendou “vodka e sauna” para tratar a doença.

O distanciamento entre o país e o Ocidente aumentou com a guerra na Ucrânia, vez que Belarus é aliado da Rússia e permitiu que tropas de Moscou usassem o território belarusso para realizar a invasão.

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