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sexta-feira, 11 de novembro de 2022

EUA projetam choque global na economia em caso de ação militar em Taiwan

Um choque econômico global com prejuízo de trilhões de dólares. Esse foi o alerta disparado por Washington a países europeus sobre as consequências de um conflito em Taiwan. As informações são do jornal Financial Times.

O sinal vermelho veio em formato de pesquisa entregue a aliados da União Europeia (UE), como parte dos esforços do governo Biden para intensificar o planejamento de contingência diante do aumento das tensões em relação a uma ação militar na ilha semiautônoma. O sentimento é o de estar preparado para caso algo aconteça.

O estudo, compartilhado pelo Departamento de Estado americano, aponta que um bloqueio chinês a Taiwan resultaria em perdas econômicas anuais na casa dos US$ 2,5 trilhões, de acordo com seis pessoas familiarizadas com o documento, encomendado pelo centro de pesquisas econômicas Rhodium Group.

Exercício militar de Taiwan realizado em junho de 2020 (Foto: Wkimedia Commons)

O relatório entregue por Washington serve para enfatizar aos países do bloco econômico europeu quais as implicações mais significativas que o continente teria caso um conflito na ilha venha a eclodir. Enquanto isso, EUA e seus parceiros já pensam em conjunto sobre formas de aplicar sanções contra Beijing no caso de uma incursão militar. O exemplo da invasão russa da Ucrânia foi usado para reforçar a necessidade de considerar tal hipótese.

O relatório prevê que, no setor industrial, as cadeias de suprimentos dependentes de semicondutores lideradas pelos setores de automóveis, servidores e PCs e telefones celulares sofreriam a maior interrupção. Os EUA estão cada vez mais preocupados com sua dependência de Taiwan para chips, que aumentou sensivelmente nos últimos anos.

Também aponta que, por conta da importância da China como parceiro econômico para os países em desenvolvimento, tal choque poderia “levar mais de uma dúzia de mercados emergentes à crise econômica”.

A pesquisa do Rhodium ocorre em um momento em que altos funcionários e oficiais militares dos EUA têm abordado cada vez mais a questão Taiwan. Em outubro, o secretário de Estado, Antony Blinken, declarou em duas oportunidades que Washington acreditava que a China já estava com seu cronograma adiantado para a “reunificação” com o território semiautônomo.

Há a expectativa que Biden e o líder chinês Xi Jinping, recentemente alçado a mais um mandato, devem discutir Taiwan quando estiverem frente a frente em uma reunião em Bali na segunda-feira (14), à margem da cúpula do G20. Em 2021, o chefe da Casa Branca disse em quatro ocasiões que seu país estaria ao lado de Taiwan no caso de um ataque chinês não provocado.

No mês passado, durante um grande discurso no o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC), diante dos principais líderes políticos do país, Xi abordou de forma inquietante esta que é uma das questões mais espinhosas da nação. Segundo ele, embora a intenção no assunto Taiwan seja reintegrar o território por meio da paz, a China não fará concessões quanto ao uso de força. 

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China. Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como parte do território chinês.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal fornecedor de armas do território. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

A crise ganhou contornos mais dramáticos após a visita de Pelosi, primeira pessoa ocupante do cargo a viajar para Taiwan em 25 anos, uma atitude que mexeu com os brio de Beijing. Em resposta, o exército da China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha, com tiros reais e testes de mísseis em seis áreas diferentes.

O treinamento serviu como um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha. Assim, voos comerciais tiveram que ser cancelados, e embarcações foram impedidas de navegar por conta da presença militar chinesa.

Beijing, que falou em impor “sérias consequências” como retaliação à visita, também sancionou Taiwan com a proibição das exportações de areia, material usado na indústria de semicondutores e crucial na fabricação de chips, e a importação de alimentos, entre eles peixes e frutas. Quatro empresas taiwanesas rotuladas por Beijing como “obstinadas pró-independência” também foram sancionadas.

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