O Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) anunciou na quarta-feira (16) as suspensões de Rússia e Belarus de todas as competições oficiais coordenadas pelo órgão. A medida é uma resposta à invasão da Ucrânia pelas forças russas, que ocorreu com o apoio dos aliados belarussos.
A decisão foi tomada em assembleia geral extraordinária realizada em Berlim, na Alemanha. Comunicado divulgado pelo Comitê afirma que russos e belarussos desrespeitam os “princípios éticos fundamentais”, arriscando assim gerar “descrédito ao IPC, ao Movimento Paraolímpico ou ao Paradesporto”.
Segundo Andrew Parsons, presidente do IPC, os comitês nacionais de Rússia e Belarus tiveram a oportunidade de se manifestar durante a assembleia. Então, a votação foi feita e apontou 64 votos a favor da suspensão e 39 contrários.
Com a decisão, russos e belarussos perdem todos os direitos e privilégios de membros do IPC, embora possam apelar. Caso não obtenham sucesso no recurso, somente uma nova assembleia geral poderá revogar a suspensão, sendo que a próxima ocorrerá no último trimestre de 2023.
“Quero que vivamos em um mundo onde o esporte nos une em uma competição pacífica, permitindo aos atletas competir contra seus rivais com o melhor de suas habilidades em um ambiente seguro e protegido”, disse Parsons. “A situação que o mundo do esporte enfrenta agora é altamente carregada e complexa. Espero e rezo para que o conflito na Ucrânia termine o mais rápido possível, que a paz seja garantida e que mais vidas inocentes não sejam perdidas ou impactadas”.
Por que isso importa?
A aliança entre Belarus e Rússia é anterior à invasão da Ucrânia, mas se fortaleceu com a guerra iniciada no dia 24 de fevereiro. O país comandado por Alexander Lukashenko permitiu que a Rússia, governada pelo aliado Vladimir Putin, acumulasse tropas na região de fronteira e posteriormente usasse o território belarusso como passagem para as forças armadas russas.
A submissão de Minsk a Moscou é tamanha que o jornalista russo Konstantin Eggert chegou a afirmar, em artigo publicado pela rede Deutsch Welle, em março de 2022, que “o Kremlin vem consolidando seu controle sobre o país vizinho” nos últimos anos. E isso, segundo ele, “aponta para o objetivo de a Rússia absorver Belarus de uma forma ou de outra, embora possa permanecer oficialmente no mapa com Lukashenko como governante”.
O próprio presidente belarusso levantou essa possibilidade em agosto do ano passado, embora não tenha manifestado muito otimismo na conclusão do processo. “Quando falamos de integração, devemos entender claramente que isso significa integração sem nenhuma perda de Estado e soberania”, disse na ocasião.
Tamanha proximidade levou governos e entidades ocidentais a incluírem Belarus nas sanções impostas à Rússia em função da guerra, mesmo que Minsk não tenha enviado soldados para combater ao lado das tropas da nação aliada.
Em artigo publicado em 12 de agosto e intitulado “Não nos esqueçamos do envolvimento de Belarus na guerra da Rússia na Ucrânia” (em tradução livre), o jornalista ucraniano Mark Temnycky destacou o papel belarusso como viabilizador do ataque e cobrou punições mais severas a Minsk.
“Nos últimos cinco meses, o presidente belarusso Alexander Lukashenko permitiu que o presidente russo, Vladimir Putin, usasse Belarus como palco para a invasão russa. A Rússia lançou vários ataques aéreos do território belarusso à Ucrânia”, disse ele. “Ao apresentar a Putin uma base de operações para sua invasão ilegal e desnecessária da Ucrânia, Lukashenko é culpado por associação. Em vez de condenar a guerra, o presidente belarusso afirmou repetidamente que apoia as ações da Rússia na Ucrânia”.
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