As forças armadas da Índia construíram novas instalações militares perto da fronteira com a China, área que já foi palco de um confronto entre soldados dos dois países. A infraestrutura, erguida na região de Ladakh Oriental, tem capacidade para abrigar 450 tanques blindados e 22 mil soldados, de acordo com o jornal The Economic Times.
A movimentação indiana é uma resposta às recentes ações da China no lago Pangong, que fica em uma área reivindicada por ambos os países e onde Beijing construiu em janeiro deste ano uma ponte com suposta finalidade militar. Além da base, Nova Délhi também colocou em atividade novas embarcações de patrulha com capacidade para 35 homens.
“Habitat e armazenamento técnico para incluir ativos para 22 mil soldados e aproximadamente 450 veículos/armas foram construídos nos últimos dois anos”, disse Harpal Singh, tenente-general do exército da Índia. “O foco agora mudou para realizar a construção de defesas permanentes e infraestrutura para melhorar a preparação de defesa na temporada de trabalho existente, além de conclusão de projetos em andamento”.
De acordo com o militar, as instalações abrigam desde armas de pequeno porte até os tanques blindados T90, de fabricação russa e usados pelos militares indianos. As obras foram feitas com ajuda de impressoras 3D, são capazes de resistir a explosões e podem ser refeitas em até 48 horas caso necessário.
A tensão crescente com a China tem levado a Índia a investir pesado em armamentos e fortificações na divisa entre os dois territórios, de acordo com o site The Defense Post. No ano passado, túneis reforçados e com capacidade para receber armamento nuclear foram construídos perto da Linha de Controle Real (LAC, na sigla em inglês), que representa a fronteira de fato entre os países.
Outra medida recente das forças armadas indianas foi finalizar o projeto de um novo helicóptero de combate fabricado no país, com capacidade para realizar missões de alta altitude. As aeronaves serão usadas em áreas como o Himalaia, justamente onde ocorreu o confronto com os chineses há cerca de dois anos.
Por que isso importa?
O conflito fronteiriço entre os dois países começou com a guerra entre a China e a Índia em 1962. Então, no final dos anos 1980, o primeiro-ministro indiano à época, Rajiv Gandhi, buscou reestabelecer os laços com Beijing.
Dali em diante, a fronteira se manteve calma, com os dois países concordando em adotar diretrizes de administração da região. Em 1993, um acordo de paz foi assinado, e outras medidas de confiança foram firmadas em 1996 e 2006.
Entretanto, com os anos, as tensões ressurgiram após ações das autoridades indianas, como o apoio ao Tibete, os crescentes laços de defesas com EUA, Japão e Austrália e restrições ao investimento chinês na Índia. No sentido oposto, as relações mais estreitas da China com o Paquistão, que tem disputas de longa data com a Índia, como a questão da Caxemira, e com o Nepal desagradaram Nova Délhi.
A relação atingiu seu pior momento em abril de 2020, quando soldados rivais se envolveram em combates em vários pontos da área montanhosa que divide os dois países. O problema começou com uma troca de acusações sobre desrespeito à LAC.
Em 15 de junho de 2020, a paz foi definitivamente quebrada e houve confronto entre soldados indianos e chineses em Ladakh. Na ocasião, 20 soldados indianos e quatro chineses morreram em combates corporais entre as tropas das duas nações. O confronto envolveu basicamente paus e pedras, sem nenhum tiro ter sido disparado.
Desde então, milhares de soldados estavam posicionados dos dois lados da fronteira, e obras com fins militares tornaram-se habituais na região. As nações reivindicam vastas áreas do território alheio no Himalaia, problema que vem desde a demarcação de áreas pelos governantes coloniais britânicos.
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