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segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Taleban é acusado de atacar civis e matar inclusive crianças no Afeganistão

Um ataque de forças do Taleban a uma aldeia da província de Daikundi, no Afeganistão, deixou nove pessoas mortas na última quinta-feira (24). Entre as vítimas estão quatro crianças, segundo informações da rede Gandhara.

A aldeia de Siwak Shibar é habitada principalmente por pessoas da minoria xiita hazara, vítima de perseguição no país e alvo preferencial também do grupo extremista Estado Islâmico-Khorasan (EI-K). O ataque foi relatado somente no domingo (27).

O Unicef, Fundo das Nações Unidas para a Infância, se pronunciou no Twitter. “O @UNICEF está profundamente chocado e triste com o terrível ataque, quinta-feira, na vila de Siwak Shibar, distrito de Nili, província de Daikundi, que deixou quatro meninos – com idades entre 1 e 14 anos – mortos. Oferecemos nossas sinceras condolências às suas famílias enquanto lamentam as trágicas perdas”.

O Taleban se manifestou sobre o episódio e negou que crianças tenham sido mortas. Os radicais que governam o Afeganistão alegam que a operação teve como alvo rebeldes armados.

Por que isso importa?

Um relatório publicado no início de setembro pela ONG Human Rights Watch (HRW) afirmou que o Taleban, governante de fato do Afeganistão, tem sido ineficiente em sua obrigação de proteger a população local, especialmente algumas minorias xiitas.

O documento foca particularmente no caso dos hazaras, que foram perseguidos pelos próprios talibãs durante a passagem anterior do grupo pelo poder, entre 1996 e 2001. Atualmente, embora tenham se aproximado dos radicais que governam o país, tornaram-se alvo frequente do EI-K.

Afegãos afetados pelo terremoto que atingiu seu país (Foto: Mark Naftalin/Unicef)

De acordo com dados divulgados pela HRW, o EI-K assumiu a autoria de 13 ataques contra os hazaras desde 15 de agosto de 2021, quando o Taleban chegou ao governo, e pode ter sido responsável por ao menos outros três atentados não reivindicados. Setecentas pessoas morreram ou ficaram feridas nessas ações.

O descaso com a minoria xiita contraria uma das muitas promessas feitas pelo Taleban quando chegou ao poder. “Como governo responsável, somos encarregados de proteger todos os cidadãos do Afeganistão, especialmente as minorias religiosas do país”, disse em outubro de 2021 o porta-voz do Ministério do Interior Saeed Khosty.

A HRW cita o caso das explosões que atingiram a Escola Abdul Rahim Shahid de ensino médio, no bairro predominantemente hazara e xiita de Dasht-e-Barchi, em Cabul, no dia 19 de abril. Entre alunos, professores e funcionários, 20 pessoas foram mortas ou feridas na ação do EI-K. Uma segunda explosão ainda foi relatada no Centro Educacional Mumtaz, a alguns quilômetros de distância.

Além de cobrar uma mudança de postura do Taleban, a fim de melhor proteger as minorias atingidas pelo EI-K, o relatório reivindica uma ação global que pressione os governantes afegãos nesse sentido.

“Os governos envolvidos com o Taleban devem exigir uma melhor proteção das comunidades hazara e xiita e devem incentivar e apoiar mecanismos para fortalecer a responsabilidade por crimes cometidos no Afeganistão, inclusive contra as comunidades hazara e xiita”, diz a ONG.

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