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sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Um australiano e um holandês estão entre os detidos nos protestos no Irã

Os governos da Austrália e da Holanda confirmaram que dois cidadãos de seus países, ambos com dupla nacionalidade, foram presos pelo governo do Irã, que negou a ambos o acesso aos respectivos serviços consulares. As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).

De acordo com o Departamento de Relações Exteriores australiano, o cidadão detido não participava dos protestos populares que atualmente ocorrem no país asiático. Embora também tenha confirmado a detenção, o governo holandês não deu maiores detalhes sobre as circunstâncias em que isso ocorreu.

Canberra afirmou que Teerã nega acesso ao consulado porque não reconhece a dupla cidadania. Portanto, ambos os detidos são considerados apenas cidadãos iranianos.

Em Estocolmo, na Suécia, cidadãos protestam contra a repressão no Irã (Foto: Artin Bakhan/Unsplash)

E a dupla não está sozinha. O governo iraniano declarou no início desta semana que 40 estrangeiros foram detidos durante as manifestações populares, que tiveram início no dia 16 de setembro após a morte de Mahsa Amini, presa por usar incorretamente o hijab.

A repressão aos estrangeiros, porém, é anterior aos protestos. A Guarda Revolucionária Iraniana prendeu dezenas de cidadãos de dupla nacionalidade e estrangeiros nos últimos anos, principalmente sob acusações de espionagem.

Ativistas de direitos humanos acusam Teerã de realizar esse tipo de prisão para usar os estrangeiros como moeda de troca, na tentativa de obter concessões de países ocidentais que impuseram sanções econômicas ao Irã.

A situação ficou mais tensa durante os protestos, e diversos governos estrangeiros têm recomendado a seus cidadãos que deixem o país devido ao risco elevado de detenções arbitrárias.

Por que isso importa?

Os protestos populares tomaram as ruas do Irã após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que visitava Teerã, capital do país, quando foi abordada pela “polícia da moralidade” por não usar “corretamente” o hijab, o véu obrigatório para as mulheres. Sob custódia, ela desmaiou, entrou em coma e morreu três dias depois.

Os protestos começaram no Curdistão, província onde vivia Mahsa, e depois se espalharam por todo o país, com gritos de “morte ao ditador” e pedidos pelo fim da república islâmica. As forças de segurança iranianas passaram a reprimir as manifestações de forma violenta, com relatos de dezenas de mortes.

No início de outubro, a ONG Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório que classifica o regime iraniano como “corrupto e autocrático”, denunciando uma série de abusos cometidos pelas forças de segurança na repressão aos protestos populares.

De acordo com a entidade, em ao menos 13 cidades do Irã foram registrados casos de uso de força excessiva ou letal. O relatório cita vídeos divulgados na internet que mostram agentes estatais usando rifles, espingardas e revólveres indiscriminadamente contra a multidão, “matando e ferindo centenas”.

Já a ONG de Direitos Humanos do Irã (IHRNGO) anunciou no dia 22 de novembro que ao menos 416 pessoas haviam morrido até então devido à violenta repressão aos protestos imposta pelas forças de segurança. Entre elas, 51 crianças.

Além dos mortos e feridos, a HRW cita os casos de “centenas de ativistas, jornalistas e defensores de direitos humanos” que, mesmo de fora dos protestos, acabaram presos pelas autoridades. Condena ainda o corte dos serviços de internet, com plataformas de mídia social bloqueadas em todo o país desde o dia 21 de setembro, por ordem do Conselho de Segurança Nacional do Irã.

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