Imanem Nesrulla, uma mulher da etnia uigur que vive na região de Xinjiang, no noroeste da China, foi condenada pela Justiça do país asiático a 15 anos de prisão, sob as acusações de terrorismo e de incitar a discriminação étnica. O crime dela: deixar o país sem autorização do governo chinês para visitar o filho que atualmente vive na Holanda. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).
Munirdin Jadikar está na Holanda desde 2006, e em 2014 Imanem foi visitá-lo para participar da festa de casamento do filho. Dois anos depois, quando ingressou na força aérea holandesa, ele perdeu contato com a mãe. O contato seguinte ocorreu somente em 2018 e foi com a cunhada, Ayhan Memet. Através do aplicativo de mensagens WeChat, ela contou que a mãe do militar havia sido presa.
Quando a mãe desapareceu, o hoje capitão das forças armadas da Holanda servia nos Estados Unidos e não conseguiu maiores informações através do governo do país europeu. Ele voltou para casa em 2020 e então obteve a informação de que tanto a mão quanto a cunhada haviam sido julgadas e condenadas a 15 anos de prisão.
Segundo Munirdin, o simples fato de ele servir às forças armadas holandesas bastou para que a sentença condenatória fosse estabelecida. Oficialmente, o Ministério das Relações Exteriores da Holanda afirma que Imanem foi condenada por “apoiar atividades terroristas” e “incitar ódio e discriminação étnicos”, enquanto Ayhan está presa por “fornecer ilegalmente inteligência nacional a forças estrangeiras”.
Na tentativa de ajudar ambas, ele diz que chegou a escrever duas cartas ao primeiro-ministro holandês Mark Rutte, no cargo desde 2010. Mas não obteve resposta. “Parece que isso vai prejudicar seus grandes interesses”, disse o militar.
Por que isso importa?
A comunidade uigur é uma minoria muçulmana de raízes turcas que habita a região autônoma de Xinjiang, no noroeste da China. A província faz fronteira com países da Ásia Central, com quem divide raízes étnicas e linguísticas.
Os uigures, cerca de 11 milhões, enfrentam discriminação da sociedade e do governo chinês e são vistos com desconfiança pela maioria han, que responde por 92% dos chineses. Denúncias dão conta de que Beijing usa de tortura, esterilização forçada, trabalho obrigatório e maus tratos para realizar uma limpeza étnica e religiosa em Xinjiang.
Estimativas apontam que um em cada 20 uigures ou cidadãos de minoria étnica já passou por campos de detenção de forma arbitrária desde 2014.
O governo de Joe Biden, nos EUA, foi o primeiro a usar o termo “genocídio” para descrever as ações da China em relação aos uigures. Em seguida, Reino Unido e Canadá também passaram a usar a designação, e mais recentemente a Lituânia se juntou ao grupo.
A China nega as acusações de que comete abusos em Xinjiang e diz que as ações do governo na região têm como finalidade a educação contraterrorismo, a fim de conter movimentos separatistas e combater grupos extremistas religiosos que eventualmente venham a planejar ataques terroristas no país.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Zhao Lijian afirma que o trabalho forçado uigur é “a maior mentira do século”. “Os Estados Unidos tanto criam mentiras quanto tomam ações flagrantes com base em suas mentiras para violar as regras do comércio internacional e os princípios da economia de mercado”, disse ele.
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