A espionagem russa sofreu um duro golpe nos últimos anos, com as expulsões de centenas de espiões sobretudo por países da Europa. A China, entretanto, é uma ameaça crescente no setor de inteligência e precisa receber atenção especial. Quem afirma é Ken McCallum, diretor do MI5, o serviço de inteligência doméstica britânica. As informações são da agência Reuters.
McCallum afirmou que mais de 600 diplomatas russos foram expulsos de países europeus recentemente, sendo que mais de 400 deles eram suspeitos de espionagem. Além desses, há os casos semelhantes que foram registrados em outros continentes.
“Isso foi o golpe estratégico mais significativo contra os serviços de inteligência russos na história recente da Europa”, disse ele em um discurso na sede do MI5, em Londres, na quarta-feira (16). “E, junto com ondas coordenadas de sanções, a escalada pegou (o presidente russo Vladimir) Putin de surpresa.”
Somente no Reino Unido, mais de cem pedidos de vistos diplomáticos feitos por Moscou foram rejeitados desde 2018, quando o ex-espião russo Sergei Skripal e a filha dele, Yulia, foram envenenados em Salisbury, sul da Inglaterra. A inteligência russa foi acusada de coordenar a ação, embora a Rússia até hoje negue envolvimento.
O assassinato do homem (a filha sobreviveu) comprometeu as relações diplomáticas entre os governos britânico e russo e levou à primeira onda de expulsões de diplomatas suspeitos de atuarem como espiões. De lá para cá, diversos países europeus também detectaram membros do corpo diplomático russo que exerciam atividades incompatíveis com suas funções e igualmente os forçaram a ir embora.
A tensão entre Londres e Moscou cresceu ainda mais com a guerra na Ucrânia, vez que o Reino Unido é um dos principais apoiadores de Kiev, inclusive fornecendo armas para o país se defender da agressão russa. “O ponto sério é que o Reino Unido deve estar pronto para a agressão russa nos próximos anos”, disse McCallum.
A ameaça chinesa
Se a Rússia é uma ameaça sob controle no campo da espionagem, a China é um perigo crescente. O chefe do MI5 diz que Beijing adota uma estratégia diferente e prefere “jogar o jogo longo”, manipulando a opinião pública através da mídias sociais e cooptando pessoas de interesse. Em muitos casos, os alvos são jovens políticos com pouca influência, mas com potencial para chegar ao parlamento no futuro.
No início deste ano, autoridades britânica acusaram Christine Ching Kui Lee, uma advogada baseada em Londres, de “estabelecer ligações” para o Partido Comunista Chinês (PCC) com parlamentares atuais e aspirantes. Ela teria feito doações a políticos na casa dos US$ 275 mil, entre eles o deputado trabalhista Barry Gardiner, além de ter distribuído centenas de milhares de dólares a integrantes do partido.
“Se eles estão preparados para investir esta quantidade de paciência, esta quantidade de dinheiro, esta quantidade de esforço em cultivar volumes muito grandes de ativos potenciais em todo o nosso sistema, isso me parece um grande e duradouro desafio”, disse McCallum.
Outra denuncia contra o governo chinês é o de assediar a diáspora do país. Foi o que ocorreu em outubro em Manchester, quando um manifestante de Hong Kong foi agredido por um diplomata chinês em frente ao consulado do país asiático na cidade inglesa.
“Intimidar e assediar cidadãos do Reino Unido ou aqueles que fizeram do Reino Unido seu lar não pode ser tolerado”, disse McCallum.
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