Um ousada ação reivindicada pelo Boko Haram levou à libertação de centenas de prisioneiros de um cadeia perto de Abuja, a capital da Nigéria, no final da tarde de terça-feira (5). Os extremistas usaram armamento pesado e explosivos para entrar nas instalações em busca de companheiros ali detidos. As informações são do site The Defense Post.
O alvo dos extremistas foi o Centro de Custódia de Segurança Média Kuje, a apenas 40 quilômetros da Vila Presidencial Aso Rock, residência oficial do presidente nigeriano. Além de dezenas de extremistas que estavam detidos, também foram libertados centenas de outros presos. Um agente carcerário foi morto.
“Entendemos que eles são Boko Haram, vieram especificamente para seus co-conspiradores”, disse Shuaibu Belgore, alto funcionário do Ministério do Interior. Já o ministro da Defesa Bashir Magashi afirmou que os 64 extremistas que estavam presos conseguiram escapar.
O Estado Islâmico (EI), ao qual o Boko Haram é associado, confirmou a autoria em seu canal de propaganda online Aamaq. “Combatentes invadiram uma prisão do governo nigeriano ontem na cidade de Kuje, nos arredores de Abuja, depois de derrubar seus muros, e conseguiram libertar dezenas de prisioneiros”.
No dia seguinte ao incidente, o presidente Muhammadu Buhari visitou a prisão rapidamente. “Estou decepcionado com o sistema de inteligência. Como os terroristas podem se organizar, ter armas, atacar uma instalação de segurança e se safar?”, disse ele em comunicado após a visita.
Na noite de quarta-feira (6), as autoridades haviam conseguido recapturar cerca de 600 fugitivos, com aproximadamente cem ainda à solta, de acordo com Abubakar Umar, porta-voz dos serviços correcionais da Nigéria.
Por que isso importa?
Terroristas do Boko Haram lutam para criar um califado islâmico no nordeste nigeriano. A ação já se espalhou para países vizinhos como Camarões, Chade, Níger e Benin, com assassinatos regulares, queima de mesquitas, igrejas, mercados e escolas e ataques a instalações militares.
Ultimamente, porém, o grupo passou a colecionar derrotas. Em junho de 2021, militantes do Boko Haram gravaram um vídeo no qual confirmaram a morte de Abubakar Shekau, seu notório ex-comandante.
Shekau morreu no dia 19 de maio, em um confronto com jihadistas do ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental) na floresta de Sambisa, no nordeste da Nigéria. “Shekau detonou uma bomba e se matou”, disse um militar nigeriano, em áudio ouvido pelo “Wall Street Journal” à época.
Formado por dissidentes do Boko Haram, o ISWAP se afastou de Shekau em 2016 e passou a se concentrar em alvos militares e ataques de alto perfil, inclusive trabalhadores humanitários. Depois da morte de Shekau, informações sugerem que houve uma aproximação entre os dois grupos.
O Programa de Desenvolvimento da ONU (Organização das Nações Unidas) estima que o conflito entre jihadistas e militares na Nigéria resultou em mais de 30 mil mortes diretas, além de outras mais de 300 mil mortes por causas indiretas.
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