As autoridades australianas devem acelerar a repatriação de seus cidadãos mantidos em centros de detenção na Síria, sobretudo após a recente confirmação da morte de um adolescente de Sydney em uma instalação no nordeste do país. A afirmação foi feita na segunda-feira (25) por especialistas em direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).
Yusuf Zahab, de 17 anos, foi levado para a Síria quando tinha 11 anos pelos pais, que se radicalizaram. A causa da morte dele ainda é incerta. Informações mais recentes indicam que ele tenha morrido devido a ferimentos sofridos durante e após o cerco do Estado islâmico (EI) à prisão de Ghwayran, na cidade de al-Hasakah, em janeiro, problema agravado pela falta de tratamento médico adequado.
O grupo extremista atacou a prisão em uma tentativa de libertar seus combatentes lá detidos, provocando uma batalha de uma semana com as Forças Democráticas Sírias (FDS).
Já a Anistia Internacional, que manteve contato com o jovem, afirma que ele contraiu tuberculose em janeiro de 2021, no cárcere. O local é descrito como superlotado, tendo ali detidos suspeitos sírios e estrangeiros fiéis ao EI.
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“A morte de Zahab era totalmente evitável, ele simplesmente nunca deveria ter sido mantido nesta prisão”, disseram os especialistas da ONU em comunicado. “Ele deveria ter sido devolvido à terra natal e à família com a possibilidade de viver uma vida plena e digna, o direito a uma infância protegida e segura”.
Os especialistas escreveram ao governo australiano em três ocasiões anteriores, expressando preocupação com a detenção de crianças e meninos no nordeste da Síria, inclusive na prisão de al-Hasakah. Eles destacaram as péssimas condições nessas instalações e instaram as autoridades a repatriar seus cidadãos.
Além disso, os especialistas têm repetidamente defendido “uma solução compatível com os direitos humanos” para lidar com a situação de meninos e adolescentes detidos em al-Hasakah e outros locais de detenção arbitrária na região.
“Nenhum desses meninos, incluindo Yusuf Zahab, foi submetido a qualquer processo judicial que justifique sua detenção, e todos eles estão sendo mantidos em condições que podem equivaler a tortura ou outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes sob o direito internacional e que têm um forte impacto na sua saúde física e mental”, disseram. “Os meninos são vítimas do terrorismo e merecem ser tratados com compaixão, dignidade e um mínimo de decência humana. Sua libertação dessas prisões e locais de detenção é necessária e atrasada”.
Enquanto isso, outras crianças feridas no ataque, seja física ou mentalmente, devem ser imediatamente retiradas da prisão e ter acesso a assistência médica, cuidados, reabilitação e apoio psicológico.
Os governos que têm cidadãos menores de idade detidos também são pressionados a trazê-los para casa, de acordo com as obrigações internacionais de direitos humanos de proteger a vida dos jovens. Os Estados ainda devem cumprir suas obrigações sob a Convenção Para os Direitos da Criança e garantir assistência e proteção às crianças que possam ser vítimas de tráfico.
Os especialistas lamentaram fortemente que a Austrália até agora não tenha repatriado seus cidadãos de campos e centros de detenção no nordeste da Síria, a maioria dos quais são mulheres e crianças. Eles instaram as autoridades a agir rapidamente para evitar mais mortes e salvaguardar a saúde e o bem-estar das crianças nacionais, devolvendo-as à sua terra natal.
“A repatriação de mulheres e crianças vulneráveis é totalmente viável e possível. O Governo da Austrália tem capacidade para fazê-lo. Muitos outros governos estão atualmente fazendo isso”, disse o grupo. “A Austrália tem um sistema avançado de bem-estar infantil, educação, justiça criminal e saúde que é iminentemente capaz de atender às necessidades dessas crianças e de suas mães. A falha em repatriar é uma abdicação das obrigações do tratado da Austrália e suas obrigações morais mais profundas de proteger as crianças mais vulneráveis da Austrália”.
Os 18 especialistas que emitiram a declaração foram indicados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra. Eles foram encarregados de monitorar e informar sobre temas específicos, como a promoção e proteção dos direitos humanos no combate ao terrorismo e o direito à saúde. Não são funcionários da ONU nem são pagos pelo seu trabalho.
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