As forças armadas da República Democrática do Congo conseguiram impedir uma ação da ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês) que tinha como objetivo invadir um presídio e libertar outros extremistas. O episódio ocorreu na noite de terça-feira (12) na cidade de Beni, leste do país, de acordo com a agência Reuters.
Os extremistas da ADF, que supostamente são ligados ao Estado Islâmico (EI), armaram um falso ataque às comunidades vizinhas de Rwangoma e Paida na tentativa de enganar o exército. Lá, eles mataram sete pessoas e sequestraram ao menos uma.
“Foi por volta das 20h, horário local, que o inimigo da ADF nos surpreendeu ontem, enquanto eu estava na mesa com as crianças”, disse Kavira Malekani, moradora de Paida. “Sobrevivemos de forma milagrosa, deixando a comida na mesa e passando a noite em uma sacada na cidade. Outras pessoas, incluindo meu primo, foram sequestradas”.
Entretanto, os serviços de inteligência informaram que o real objetivo era atacar o presídio, segundo relatou o porta-voz das forças armadas Antony Mwalushayi. Assim, os militares tiveram tempo de repelir a ação, e os agressores fugiram em direção ao Parque Nacional de Virunga, uma reserva florestal agora infestada por extremistas.
Por que isso importa?
A ADF é uma organização paramilitar originária de Uganda acusada de estar por trás de milhares de mortes nos últimos anos. O grupo nasceu em 1995, como oposição ao presidente Yoweri Museveni, e tem atuando majoritariamente em áreas remotas. Com o tempo, a facção ultrapassou a fronteira e passou a agir também na RD Congo.
O grupo foi colocado na lista de sanções financeiras por Washington, classificado como terrorista, e declarou publicamente ser um braço do Estado Islâmico (EI), que por sua vez assumiu a responsabilidade por alguns de seus ataques.
A ADF é acusada de realizar massacres, sequestros e saques, com um número de mortos estimado em milhares. No começo de maio de 2021, o governo congolês decretou lei marcial em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, de modo a estancar a violência atribuída aos rebeldes. Porém, o número de civis mortos só cresceu.
Cerca de três meses depois, em agosto do ano passado, o atual presidente congolês Felix Tshisekedi declarou que forças especiais dos Estados Unidos seriam enviadas à região a fim de estudar a viabilidade de instalação de uma unidade antiterrorismo para o enfrentamento da violência islâmica.
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