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quarta-feira, 20 de julho de 2022

Ondas de calor serão frequentes nas próximas décadas, de acordo com a OMM

O calor extremo na Europa Ocidental está causando incêndios florestais devastadores na França e na Espanha e seca sem precedentes na Itália e em Portugal, enquanto o Reino Unido registrou sua temperatura mais alta, de pouco mais de 40º C, durante a terça-feira (19), no aeroporto de Heathrow, em Londres.

Com a expectativa de que as temperaturas permaneçam acima do normal até meados da próxima semana, a OMM (Organização Metrológica Mundial) alertou que as ondas de calor ocorrerão com cada vez mais frequência até 2060.

O padrão está ligado ao aquecimento observado do planeta que pode ser atribuído à atividade humana, levantando sérias preocupações com o futuro do planeta, disse a agência meteorológica da ONU.

“Esperamos ver grandes impactos na agricultura. Durante as ondas de calor anteriores na Europa, perdemos grande parte da colheita. Na situação atual, com a crise alimentar global por causa da guerra na Ucrânia, essa onda de calor terá um impacto negativo adicional nas atividades agrícolas”, alertou Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.

Em vários países, alguns setores econômicos, incluindo o turismo, que apenas começou a se recuperar totalmente após a pandemia do Covid-19, estão sofrendo com isso.

Europa sofre com as altas temperaturas em 2022 (Foto: Henrik L./Unsplash)

“A tendência negativa no clima continuará pelo menos até a década de 2060, independentemente de nosso sucesso na mitigação climática”, disse Taalas. “Já perdemos o jogo em relação ao derretimento das geleiras. Esperamos que o derretimento das geleiras continue nas próximas centenas de anos ou mesmo nos próximos milhares de anos. A elevação do nível do mar continuará pelo mesmo período”.

Qualidade do ar prejudicada

A onda de calor também atua como uma espécie de tampa atmosférica, explicou a OMS, prendendo poluentes e degradando a qualidade do ar, com consequências adversas para a saúde, principalmente para pessoas vulneráveis, como os idosos. Na grande onda de calor de 2003 na Europa, cerca de 70 mil pessoas morreram.

“As alterações climáticas afetam a nossa saúde de várias formas, não só pelas ondas de calor que têm consequências diretas”, mas também outras áreas de cuidados de saúde essenciais, como o aumento dos níveis de doenças, alertou Maria Neira, diretora de saúde pública e ambiental da OMS (Organização Mundial de Saúde).

Ela explicou que o acesso confiável a alimentos e água está em jogo, assim como os níveis de produção agrícola em risco”, e haverá escassez de água com certeza”. Disse ainda que 99% da população global respira ar que não atende aos padrões de saúde estabelecidos pela OMS, impactando enormemente as condições respiratórias e cardiovasculares crônicas.

“A melhor solução para isso será, novamente, ser muito ambicioso no combate às causas desse aquecimento global. Há muito tempo estamos alertando que as mudanças climáticas estão afetando muito a saúde humana”, enfatizou Neira.

A diretora da OMS diz temer por mais mortes entre os idosos e aqueles com condições de saúde pré-existentes devido à onda de calor em curso nas próximas semanas e aos desafios subsequentes impostos aos sistemas de saúde para acompanhar o aumento da demanda.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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