Um ataque aéreo realizado pelo Sistema de Artilharia de Foguetes de Alta Mobilidade (HIMARS, na sigla em inglês), um armamento fornecido pelo Ocidente às tropas da Ucrânia, teria causado a 12ª baixa entre generais da Rússia na guerra. A morte foi anunciada na quarta-feira (13) por Sergei Bratchunk, porta-voz do exército regional de Odessa, com informações reproduzidas pelo jornal britânico The Telegraph.
Além do major general Artyom Nasbulin, o bombardeio teria matado também ao menos outros 12 oficiais das forças armadas russas.
Os ataques com o HIMARS têm se tornado frequentes e quase sempre causam danos severos às forças de ocupação. No Twitter, analistas militares pró-Ucrânia têm usado ironicamente a expressão em inglês HIMARS o’clock (a hora HIMARS, em tradução livre) sempre que noticiam um novo evento ligado ao sistema de artilharia.
It's HIMARS o'clock pic.twitter.com/kRnFP1yTS4
— Michael A. Horowitz (@michaelh992) July 11, 2022
Capaz de atingir alvos a até 70 quilômetros de distância, o lançador de foguetes pode ser posicionado fora do alcance da artilharia russa, graças à mobilidade do armamento, e ainda assim causar danos aos quais à Rússia não estava habituada. Entre os alvos preferenciais da Ucrânia estão depósitos de munição e postos de comando das forças armadas.
A ação desta quarta seguiu o padrão. Após o ataque que matou o general e os demais oficiais, Kiev disparou uma série de outros mísseis e foguetes que destruíram artilharia, veículos blindados e depósitos de munição russos. Teria sido o bombardeio mais efetivo das forças ucranianas contra as posições de Moscou em duas semanas.
A Rússia confirmou o ataque, mas disse que os alvos atingidos foram civis, com a alegação de que sete pessoas morreram. “Não há alvos militares aqui. Armazéns foram atingidos, assim como lojas, uma farmácia, postos de gasolina e até uma igreja”, disse Vladimir Leontiev, chefe pró-Moscou da administração da cidade de Nova Khakova.
Por que isso importa?
O elevado número de baixas entre generais tende a impactar severamente no desempenho das tropas de Moscou, de acordo com analistas militares ouvidos pelo jornal independente The Moscow Times.
Para se ter ideia do que representam as 12 mortes entre generais, nos dez anos da guerra do Afeganistão, travada pela antiga União Soviética, morreram apenas seis militares desta patente, que geralmente leva 15 anos para ser conquistada e coloca sob o comando de cada um desses oficiais dezenas de milhares de soldados.
As baixas de militares de alta patente não são elevadas apenas entre os generais de Moscou. De acordo com o site independente russo Mediazona, ao menos 317 oficiais russos foram mortos na Ucrânia, um terço dos quais são funcionários seniores, como majores, tenentes-coronéis e coronéis.
Ajuda a explica o número elevado de mortes nos mais altos postos do exército russo o fato de que muitos generais têm ido ao campo de batalha com uma frequência incomum, a fim de garantir que o desempenho das tropas seja o melhor possível.
“Se ele (o general) não obtiver informações, e os oficiais não fornecerem informações, isso aproxima os generais dos combates”, disse Sam Cranny-Evans, analista militar do think tank britânico Royal United Services Institute.
Contribui para o sucesso dos ataques o apoio da inteligência norte-americana. Dados fornecidos por Washington, associados ao trabalho da própria inteligência ucraniana, permitem a Kiev antecipar os movimentos do inimigo e determinar com precisão a localização dos militares russos no campo de batalha.
O prejuízo é ainda maior porque, invariavelmente, os mortos têm vasta experiência de combate, tendo lutado no Afeganistão, na Chechênia, na Síria e em outras outras guerras nos últimos anos.
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