Um ataque de drone atribuído à Turquia matou quatro membros das Forças de Segurança Internas (Asayish), grupo responsável pelo policiamento da região autônoma de Rojava, que compreende sete províncias da Síria. As informações são do site iraquiano Rudaw.
Segundo Mazloum Abdi, comandante geral das Forças Democráticas Sírias (FDS), uma coalizão de milícias curdas apoiada pelo governo dos EUA, o ataque “ameaça diretamente a segurança da área”, vez que os membros da Asayish são encarregados, entre outras tarefas, de combater o Estado Islâmico (EI).
A ação ocorreu na província de Raqqa e teve como alvo um veículo que transportava as vítimas. O norte da Síria, palco do ataque, enfrenta uma escalada de tensão em meio à ameaça do governo turco de lançar uma operação militar para combater as forças curdas.
O alvo de Ancara é a YPG (Unidade de Proteção do Povo), uma milícia integrante das FDS que controla importantes áreas na fronteira. Ela é considerada um braço armado do PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), que luta pela autonomia curda na Turquia e é classificado pelo governo do presidente Recep Tayyip Erdogan como grupo terrorista.
Por que isso immporta?
Após quatro operações realizadas no norte da Síria desde 2016, o governo de Erdogan planeja mais uma, sob a justificativa de eliminar “terroristas” nas áreas de Tal Rifaat e Manbij, no norte.
“Estamos entrando na nova fase de nossa determinação de formar uma zona segura de 30 quilômetros de profundidade ao longo de nossa fronteira sul. Vamos limpar Tal Rifaat e Manbij de terroristas e faremos o mesmo com outras regiões, passo a passo”, disse Erdogan. “Vamos ver quem apoia esses passos legítimos da Turquia e quem os impede”.
Na visão do comandante geral das FDS, a ação turca levaria a novos deslocamentos de pessoas e ampliaria o conflito civil. Ele pediu às partes envolvidas na guerra que “impeçam quaisquer novas tragédias e apoiem a desescalada”.
No início de junho, até a Rússia, que apoia o presidente Bashar Al-Assad e está no polo oposto da guerra civil em relação a Turquia, EUA e FDS, condenou o anúncio da ofensiva e disse esperar que Ancara “se abstenha de ações que possam levar a uma deterioração perigosa da já difícil situação na Síria”.
Os EUA acompanharam o posicionamento dos rivais russos. “Achamos que nada deve ser feito para quebrar as linhas de cessar-fogo que já foram estabelecidas”, disse Linda Thomas Greenfield, embaixadora norte-americana na ONU (Organização das Nações Unidas).
O secretário de Estado Antony Blinken também contestou a iniciativa turca, sugerindo que isso pode comprometer o combate ao terrorismo islâmico. “Continuamos efetivamente a levar a luta por meio de parceiros contra o EI dentro da Síria e não queremos ver nada que prejudique os esforços que são feitos para manter o EI na caixa em que o colocamos”.
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